Terça, 2 de abril de
2013
Por Ivan de Carvalho

Agora, esta situação absurda deverá ser
corrigida, com a nomeação do ex-governador e atual ex-presidente estadual do
PR, mesmo não sendo ele o preferido do seu partido para o cargo. A direção e a
bancada do PR tinham outras preferências, enquanto rejeitavam o atual ministro
Sérgio Passos, que, apesar de filiado, não era considerado representante do
partido e sim da “cota pessoal” da presidente Dilma.
César Borges entra como um híbrido. Não
é um tecnocrata como Paulo Sérgio Passos e não é exclusivamente um político,
pois, apesar de sua vasta carreira política, (deputado estadual,
vice-governador, governador, senador e novamente candidato a senador – nesta
última vez, sem êxito, em consequência de circunstâncias políticas gerais
extremamente desfavoráveis) é engenheiro civil e foi secretário estadual de
Saneamento, além de diretor do BB. Pode, nos Transportes, com a sua formação de
engenheiro civil, ser considerado um político e técnico simultaneamente.
Também pode ser considerado um híbrido
porque não era o nome preferencial do PR, mas é aceitável ao seu partido e foi
o nome que a presidente Dilma Rousseff preferiu para atender ao PR, que se
considerava totalmente desatendido pela insistência dela em manter sua teimosa
preferência por Paulo Sérgio Passos, que assumiu o cargo desde que ela demitiu
– forçada por um dos vários escândalos produzidos em seu governo por gênese
própria ou herança genética – Alfredo Nascimento, atual presidente do PR e, ao
lado de Valdemar Costa Neto, um dos dois controladores do partido. Aliás, com a
nomeação de César Borges, o PR quase certamente passa a ter três controladores,
sendo benéfico o acréscimo.
Finalmente, pode-se dizer que César
Borges é um híbrido no sentido de que, atendendo ao PR, que preside na Bahia,
sua nomeação reforça a coalizão governista liderada em nosso Estado pelo
governador Jaques Wagner, além de incluir de vez o PR entre os integrantes da
aliança que sustenta o governo e a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.
Pode ter deixado o PT baiano de olho comprido, mas para o governador Wagner
certamente foi bom e se não fosse dificilmente teria acontecido.
2. A coluna de Cláudio Humberto, edição
de ontem, dá conta de que o tucano José Serra já está engajado a tal ponto no
projeto de ingressar no PPS (que se fundiria com um micro-partido para abrir
uma janela pela qual possam penetrar parlamentares do PSDB e outras legendas) que já faz convites em nome do PPS a
políticos para ingressarem na nova legenda, mesmo estando ele ainda sem despir
publicamente a plumagem de tucano.
A informação do colunista prossegue
dando conta de que Serra admite deixar o PSDB, mas, digamos nós, serrando-lhe
um bom pedaço, uma tora de pelo menos 15 deputados federais.
A questão é importante. Recentemente, o
então prefeito de São Paulo, Kassab, formou um partido com integrantes
recrutados em diversas legendas, mas sobretudo no segundo mais importante
partido da oposição no país. E aliou-se ao governo federal do PT. Agora, Serra
quer esvaziar o principal partido da oposição, o PSDB, supostamente (somente
supostamente, porque certeza ninguém pode ter, até pelo histórico ideológico
dele) para fazer um partidinho próprio de oposição. Cujos membros, não podendo adotar
a denominação de tucanos, escolheriam, talvez, pela possível função que teriam
na política brasileira, o cognome de caga-sebos.
“Os caga-sebos decidiram, em convenção
nacional, lançar candidatura própria a presidente da República”, anunciou o
partido em nota oficial. Seria impactante, convirá qualquer marqueteiro, mas
conviria também que os eleitores saíssem de baixo exatamente para evitar
impactos indesejáveis.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.