Terça, 11 de fevereiro de 2014
Por Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil
Mais de 6,5 mil agentes, escrivães e
papiloscopistas da Polícia Federal aderiram hoje (11) ao dia de
paralisação proposto pela Federação Nacional dos Policiais Federal
(Fenapef) e pelos sindicados da categoria nos 26 estados e no Distrito
Federal em protesto por reajuste salarial e melhores condições de
trabalho.
De acordo com o presidente da Fenapef, Jones Leal, a paralisação, no
entanto, não atinge serviços como emissão de passaporte, plantão nas
delegacias e fiscalização nos aeroportos.
“Acreditamos que entre 60% e 70% do efetivo estejam paralisados no
dia de hoje. Esse movimento não visa a atrapalhar o dia a dia da
sociedade. Estão paradas todas as investigações, as delegacias de
Entorpecentes, Fazendária, Marítima”, explicou Leal à Agência Brasil. Uma nova paralisação está programada para os dias 25 e 26 de fevereiro.
Em Brasília, os agentes estão concentrados em frente ao edifício sede
da PF. Em referência ao Dia do Enfermo, os manifestantes usaram
máscaras cirúrgicas e um policial foi enrolado com ataduras e deitado em
uma maca para receber soro. “A Polícia Federal está na UTI. Copa [do
Mundo] padrão Fifa, só com Polícia Federal Padrão Fifa”, disse o
presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal,
Flávio Werneck.
Agentes,
escrivães e papiloscopistas reclamam que estão recebendo tratamento
diferenciado em relação a outras categorias do funcionalismo público
federal. Segundo eles, enquanto outros servidores receberam de 20% a 30%
de reajuste no ano passado, eles tiveram 15,8% divididos em três anos.
“O salário é apenas um dos itens que compõe as nossas reivindicações.
Na verdade, o que mais atrapalha a situação do policial federal hoje é o
assédio moral, falta de efetivo, colegas doentes, falta de gestão no
órgão. A nossa pauta com o governo é gigantesca”, frisou o presidente da
Fenapef.
Jones Leal disse que há um “mito” de que os policiais federais
recebem altos salários. Segundo ele, atualmente, um agente da PF recebe,
em média, R$ 5,5 mil líquidos. “É um salário razoável, mas o policial
tem o risco de morte, dedicação exclusiva, vai para uma fronteira, onde
terá que alugar um imóvel e também se distanciar da família. Ou seja,
com isso, logo após assumir as lotações, os novos agentes estão
abandonando a carreira”, alertou.
Procurada, a direção da Polícia Federal informou que não vai se
manifestar sobre a paralisação. Já o Ministério da Justiça, que na
semana passada informou que não tinha gerência sobre questões salariais, enviou nota à Agência Brasil
informando que as reivindicações salariais da Polícia Federal são de
responsabilidade conjunta das pastas da Justiça e do Planejamento.