Domingo, 2 de fevereiro de 2014
Por Luiz PitimanDeputado federal (PSDB/DF)*
Os presidentes da República, em viagens oficiais, têm o direito 
de se hospedar em bons hotéis e ter a conta paga pelo governo. Mas a 
escala que a presidente Dilma Rousseff e sua extensa comitiva fizeram em
 Lisboa, no sábado (25), foi uma extravagância com dinheiro público, já 
que a presidente não tinha agenda oficial em Portugal. A escala ocorreu 
no intervalo entre a viagem oficial da presidente ao Fórum Econômico 
Mundial, em Davos, na Suíça, e sua ida a Havana, em Cuba, para a cúpula 
da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
A justificativa do Palácio do Planalto é de que a escala em Portugal 
era necessária porque o Airbus presidencial não teria autonomia para 
fazer o percurso Zurique-Havana. Portanto, o correto seria uma escala de
 uma hora para reabastecimento da aeronave. E em seguida decolar para 
Havana.
 Em vez de seguir a viagem, aconteceu a escala da alegria, do 
lazer e da enogastronomia. A Presidência da República mentiu para a 
opinião pública e não divulgou para a imprensa a escala. Disseram, 
inicialmente, que não estava prevista e colocaram a culpa no tempo e na 
Aeronáutica. Só que os hotéis da presidente e de sua comitiva já estavam
 reservados há muito tempo.
Todas as companhias áreas do mundo mantiveram voos nesse trecho, 
menos o avião presidencial. Graças ao jornal o Estado de São Paulo, a 
escala de lazer presidencial foi divulgada. A presidente Dilma ficou 
hospedada numa suíte no hotel Ritz, em Lisboa, cujo valor da diária é de
 R$ 26,2 mil. O custo da hospedagem da comitiva, nesse e em outro hotel,
 foi de R$ 71 mil. Isso sem contar com as diárias, que todos receberam 
para passar um dia de folga em Lisboa, sem trabalho, sem agenda positiva
 para o governo brasileiro.
É fácil e covarde, de parte da Presidência da República, colocar a 
culpa da escala do lazer na Aeronáutica. Como todos sabemos, o regimento
 interno das Forças Armadas não permite críticas e desobediência. A 
Aeronáutica não tem nada a ver com essa farra. Ela cumpre ordens. A 
escala foi preparada no próprio Palácio do Planalto pelos organizadores 
da viagem presidencial.
E o pior é que essa não foi a primeira vez que a presidente Dilma 
Rousseff fez escalas de lazer, sem agenda oficial, durante suas viagens 
internacionais.  Em março do ano passado, reportagem da BBC Brasil 
divulgou que escalas em que Dilma não tinha compromissos oficiais 
custaram, à época, R$ 433 mil aos cofres públicos. O valor incluía 
despesas apenas com hospedagem e diárias em visitas a Atenas (Grécia), 
Praga (República Tcheca) e Granada (Espanha), que ocorreram durante 
escalas de viagens de Dilma e sua comitiva à Ásia.
E a farra continua. Está na hora de se dar um basta democrático nessa
 falta de seriedade com o dinheiro do povo brasileiro. Em outubro 
teremos eleições. Pensem nisso.
* Deputado federal pelo PSDB-DF e Presidente da Frente Parlamentar de Gestão Pública
 
 
 
