Política rastaquera: Os donos de partidos venceram a eleição da Câmara Legislativa
Com receio de haverem ovelhas rebeldes nos seus rebanhos, os partidos políticos resolveram entrar de vez na disputa da presidência da Câmara Legislativa
Por meio de Resoluções Internas os partidos conseguiram colocar
cabresto nos seus deputados, no sentido de votarem de acordo com a
conveniência pessoal de seus presidentes. Sob a ameaça de expulsão, por
alegação do descumprimento da fidelidade partidária os “donos” das
agremiações tomarão conta da Câmara Legislativa, independentemente, da
vontade daquele que efetivamente recebeu a delegação do povo para
representá-lo...
Cabia aos políticos eleitos, zelarem pela vontade de seus eleitores que
confiaram em suas ideologias de trabalho e com a ideologia e estratégia
que seu partido mostrou em campanha. Portanto, o mandato eletivo
deveria ser coerente com o que foi apresentado durante a campanha
eleitoral e devia ser respeitado do início até o final de deu mandato.
Nesse contexto, seria claramente compreensível que o arranjo das
coligações partidárias formadas com vistas ao pleito eleitoral anterior,
fosse, via de regra, mantido. O desfazimento do mesmo não pode ser
considerado absurdo ou até mesmo ilegal, entretanto, a união formal de
agremiações que caminharam em palanques opostos, denota, no mínimo, um
casuísmo deslavado. Assim sendo, uma eventual insurgência de um deputado
em relação aos destinos determinados por uma nova arrumação de seu
partido, jamais poderia ser considerado motivo suficientemente legal
para que a sigla possa arguir a infidelidade partidária.
Na mesma linha de raciocínio, no caso da eleição da Mesa diretora da
CLDF, não restaria qualquer legitimidade para punir deputados eleitos
pelo PT e PMDB, de um lado, e de outro, PR e PRTB, se por ventura esses
parlamentares resolvessem votar contrariamente aos termos de qualquer
normativa interna partidária que impusessem que o voto submisso ao PSB,
partido do governo eleito. Afinal de contas, os quatro partidos,
PT/PMDB/PR e PRTB fizeram suas campanhas políticas diametralmente
contrárias ao vitorioso PSB.
Diante do resultado final no dia ontem, fica a certeza de uma só coisa:
Quando houver interesse do Poder Executivo o diálogo se dará com os
"DONOS" dos partidos e não com os distritais eleitos pela população do
Distrito Federal.
Gilmar Mendes tem razão quando diz, "no Distrito Federal a política é feita de forma rastaquera".
Fonte: Coluna Roda de Conversa, por Edson Sombra - 02/01/2015