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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Política rastaquera: Os donos de partidos venceram a eleição da Câmara Legislativa

Sexta, 2 de janeiro de 2015 
Do Blog do Sombra
Política rastaquera: Os donos de partidos venceram a eleição da Câmara Legislativa

Com receio de haverem ovelhas rebeldes nos seus rebanhos, os partidos políticos resolveram entrar de vez na disputa da presidência da Câmara Legislativa

Por meio de Resoluções Internas os partidos conseguiram colocar cabresto nos seus deputados, no sentido de votarem de acordo com a conveniência pessoal de seus presidentes. Sob a ameaça de expulsão, por alegação do descumprimento da fidelidade partidária os “donos” das agremiações tomarão conta da Câmara Legislativa, independentemente, da vontade daquele que efetivamente recebeu a delegação do povo para representá-lo...
 
Cabia aos políticos eleitos, zelarem pela vontade de seus eleitores que confiaram em suas ideologias de trabalho e com a ideologia e estratégia que seu partido mostrou em campanha. Portanto, o mandato eletivo deveria ser coerente com o que foi apresentado durante a campanha eleitoral e devia ser respeitado do início até o final de deu mandato.
 
Nesse contexto, seria claramente compreensível que o arranjo das coligações partidárias formadas com vistas ao pleito eleitoral anterior, fosse, via de regra, mantido. O desfazimento do mesmo não pode ser considerado absurdo ou até mesmo ilegal, entretanto, a união formal de agremiações que caminharam em palanques opostos, denota, no mínimo, um casuísmo deslavado. Assim sendo, uma eventual insurgência de um deputado em relação aos destinos determinados por uma nova arrumação de seu partido, jamais poderia ser considerado motivo suficientemente legal para que a sigla possa arguir a infidelidade partidária.
 
Na mesma linha de raciocínio, no caso da eleição da Mesa diretora da CLDF, não restaria qualquer legitimidade para punir deputados eleitos pelo PT e PMDB, de um lado, e de outro, PR e PRTB, se por ventura esses parlamentares resolvessem votar contrariamente aos termos de qualquer normativa interna partidária que impusessem que o voto submisso ao PSB, partido do governo eleito. Afinal de contas, os quatro partidos, PT/PMDB/PR e PRTB fizeram suas campanhas políticas diametralmente contrárias ao vitorioso PSB.
 
Diante do resultado final no dia ontem, fica a certeza de uma só coisa: Quando houver interesse do Poder Executivo o diálogo se dará com os "DONOS" dos partidos e não com os distritais eleitos pela população do Distrito Federal.
 
Gilmar Mendes tem razão quando diz, "no Distrito Federal a política é feita de forma rastaquera".  
Fonte: Coluna Roda de Conversa, por Edson Sombra - 02/01/2015