Sexta, 6 de
fevereiro de 2015
André Richter
- Enviado Especial da Agência Brasil/EBC
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse, em depoimento
de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), em novembro
do ano passado, que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebeu propina em
nome do partido em 90 contratos da Petrobras, num total entre US$ 150 milhões e
US$ 200 milhões. Em nota oficial, o partido reiterou que recebe apenas
doações legais, que são declaradas à Justiça Eleitoral, e prometeu processar
seus acusadores “pelas mentiras proferidas contra o PT”.
As declarações de Barusco foram divulgadas após decisão do
juiz federal Sérgio Moro, que retirou o sigilo das investigações da nona fase
da Operação Lava Jato, iniciada hoje (5). Para estimar a quantia, o ex-gerente
se baseou no valor que recebeu, US$ 50 milhões. Segundo ele, Vaccari começou a
operar o esquema a partir do momento em que assumiu o cargo de tesoureiro do
partido. Desde então, disse Barusco, o tesoureiro foi responsável por operar os
recebimentos por parte do PT.
Barusco confirmou no depoimento que ele e Renato
Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras entre 2003 e 2013, recebiam propina
para facilitar que empresas assinassem contratos de grande porte com a estatal,
como os da Refinaria Abreu e Lima e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj).
Sobre o depoimento de Barusco, a assessoria de imprensa do
PT divulgou nota oficial em que reitera que o partido recebe apenas doações
legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral.
"As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras,
divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras feitas em processos de 'delação
premiada', que têm como principal característica a tentativa de envolver o
partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de
irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão obrigados
a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT”, diz ainda a
nota.
Em nota, oO advogado de João Vaccari Neto, Luiz Flávio
Borges D’Urso, também contestou as acusações de Barusco. Segundo a nota,
Vaccari “há muito ansiava pela oportunidade de prestar os esclarecimentos que
nesta data foram apresentados à Polícia Federal, para, de forma cabal,
demonstrar as inúmeras impropriedades publicadas pela imprensa nos últimos
meses, envolvendo seu nome”.
A defesa do tesoureiro do PT reitera, na nota, que o partido
"não tem caixa 2, nem conta no exterior, não recebe doações em dinheiro –
somente recebe contribuições legais ao partido, em absoluta conformidade com a
lei, sempre prestando as respectivas contas às autoridades competentes”.
O advogado de Vaccari garante que ele “permanece à
disposição das autoridades para prestar todos e quaisquer esclarecimentos, e
que sua condução coercitiva, desta data, entendeu-se desnecessária, pois
bastaria intimá-lo, que o Sr. Vaccari comparece e presta todas as informações
solicitadas, colaborando com as investigações da Operação Lava Jato, como
sempre o fez”.
Barusco também afirmou que a ex-presidenta da
Petrobras Graça Foster e Ildo Sauer, ambos ex-diretores de Gás e Energia, não
tinham conhecimento dos desvios porque "não havia espaço para conversar
isso" com eles.
O tesoureiro foi conduzido hoje de manhã à Superintendência
da Polícia Federal em São Paulo para esclarecer a acusação de delatores de que
atuava na cobrança de propina e de doações legais para o partido.
Em nota divulgada no site do PT, Vaccari disse que todos os
questionamentos dos delegados foram respondidos. "Todas as perguntas
feitas pelo delegado foram esclarecidas. Respondi a tudo com transparência,
lisura e total tranquilidade.”