Quarta, 11 de março de 2015
Economista norte-americano
diz que nos últimos dias o Banco Central Europeu agiu de forma a afetar a
liquidez e as opções de financiamento do governo grego, tornando o
futuro próximo incerto e prejudicando a discussão política entre Atenas e
a UE.
10 de Março, 2015
“Há sempre algum fdp que não é informado”, diz Galbraith, evocando Kennedy. Foto do Parlamento Europeu
Num artigo publicado esta segunda-feira na Open Democracy,
o economista James Galbraith, amigo e colaborador do ministro das
Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, acusa o Banco Central Europeu de
estar a sabotar o espírito do acordo-ponte entre a Grécia e o Eurogrupo,
“por motivos ainda não claros”. Galbraith recordou uma frase de John F.
Kennedy durante a crise dos mísseis em Cuba, em 1960, quando um
avião-espião U-2 americano foi abatido em espaço aéreo soviético – “Há
sempre algum fdp que não é informado” –, para dar a entender que a
atuação da instituição dirigida por Mário Draghi não está em sintonia
com o acordo.
Galbraith recordou uma frase de John F. Kennedy durante a crise dos mísseis em Cuba, em 1960, quando um avião-espião U-2 americano foi abatido em espaço aéreo soviético – “Há sempre algum fdp que não é informado”
Para Galbraith, o acordo alterou a relação entre Atenas e Berlim, que
agora deveriam estar a discutir medidas para evitar que “o governo
grego fique sem dinheiro e que os bancos gregos não entrem em colapso”.
O BCE, porém, está a usar “mecanismos que afetam a liquidez dos
bancos gregos e as opções de financiamento do governo”, pondo em
dificuldades as finanças gregas, mantendo a pressão e tornando incerto o
futuro próximo e as discussões políticas que “só podem ter sucesso se
puderem realizar-se com tempo e tranquilidade”. E conclui: “Certamente,
esta não é a altura para jogos como este”.
Draghi quer técnicos em Atenas
Segundo a agência Bloomberg, Mário Draghi disse segunda-feira às
autoridades gregas que diante da situação crítica que enfrentam têm de
deixar que representantes da Eurozona regressem a Atenas.
Draghi terá dito a Yanis Varoufakis que os registos do governo têm de
ser examinados no local para determinar as insuficiências financeiras. A
Comissão Europeia e o FMI estariam a fazer pressão no mesmo sentido.
Ora no mesmo dia, Yanis Varoufakis disse à imprensa, após a reunião
do Eurogrupo, que a troika não volta a entrar na Grécia. "A troika é um
grupo de tecnocratas. Chegavam a Atenas, entravam nos ministérios com
uma atitude colonial e tentavam impor um programa. Essa prática acabou".
Alguns colegas usaram a palavra troika. Se eles gostam tanto da palavra, podemos enviar a troika para eles. Eles não regressam à Grécia, disse Varoufakis
Varoufakis sublinhou que, durante o Eurogrupo, alguns ministros das
Finanças usaram a palavra troika e não "instituições", termo adotado
pela Grécia. "Alguns colegas usaram a palavra troika. Se eles gostam
tanto da palavra, podemos enviar a troika para eles. Eles não regressam à
Grécia", reforçou.
Representantes da Grécia e das instituições europeias vão reunir-se
quarta-feira, mas em Bruxelas, de acordo com a proposta grega.
Curiosamente, as pressões para que os técnicos do BCE voltem a Atenas
vem desmentir as palavras do próprio presidente do Eurogrupo, Jeroen
Dijsselbloem, que disse que se tinha perdido muito tempo em discussões
sobre quem vai aonde, em vez de discutir o conteúdo das propostas.