Segunda, 2 de março de 2015
Marli Moreira - Repórter da Agência Brasil
Representantes
das centrais sindicais do país iniciaram há pouco manifestação em frente à sede
da Superintendência Regional do Trabalho, na Rua Martins Fontes, no centro da
cidade de São Paulo, em protesto contra as mudanças no sistema de benefícios
previdenciários. Cerca de 300 sindicalistas estão presentes, segundo a Polícia
Militar. Já na avaliação das centrais, o número é o dobro disso.
Por volta
das 10h30, eles passaram a ocupar as duas faixas da pista, impedindo a
circulação de veículos no trecho entre a Rua Álvaro de Carvalho e a esquina da
Rua Major Quedinho, provocando morosidade no trânsito.
Com
bandeiras, balões infláveis e discursos em palanque improvisado, os
sindicalistas dizem que os trabalhadores estão descontentes com o teor das
Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que entraram em vigor hoje (2). Os textos
determinam novas regras para acesso a benefícios previdenciários como abono
salarial, seguro-desemprego e auxílio-doença. No caso do abono salarial e do
seguro-desemprego, as medidas provisórias estendem a carência para que os
trabalhadores tenham direito ao benefício. No caso de auxílio-doença, o prazo
estabelecido para que as empresas assumam o pagamento do salário (antes do
INSS), passa de 15 para 30 dias.
Para o
secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, as
mudanças previstas nas MPs são “injustas e recessivas”. Ele disse que os
segmentos de trabalhadores que apresentam alta rotatividade, como o comércio e
a construção civil, são os mais prejudicados: muitos trabalhadores não
conseguiram atingir o prazo de 18 meses de permanência no emprego, prazo mínimo
exigido para acesso ao seguro-desemprego.
“O dinheiro
obtido com o seguro-desemprego e o abono salarial vai para a compra da comida,
do arroz, do feijão [e outras necessidades básicas] e não para a compra de
ações ou títulos do mercado financeiro”, disse Nobre. Segundo ele, enquanto
quem compra carro popular paga o Imposto Sobre a Propriedade do Veículo (IPVA),
os que compram lancha ou helicóptero ficam isentos do tributo.
O líder
sindical informou que, esta semana, a CUT e outras centrais vão dialogar com os
líderes partidários da Câmara e do Senado para tentar derrubar as MPs. Os
sindicalistas esperam que, passado o prazo de validade das MPs, as medidas
percam o efeito.
Já o
presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que mais de 8 milhões de
trabalhadores que teriam direito ao seguro-desemprego ficarão de fora do
benefício. “São completamente injustas essas medidas, o governo alega distorção
no sistema e para corrigir tem de taxar, isso é errado. Há outras medidas, [que
podem ser adotadas no lugar delas, por exemplo,] taxação de grandes fortunas,
taxação sobre remessas de lucros.”