Quarta, 18 de março de 2015
Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil
O agora ex-ministro da Educação Cid Gomes disse que pediu demissão em “caráter irrevogável” à presidenta Dilma Rousseff porque não queria criar constrangimento à base aliada do governo.
"A
minha declaração, e mais do que ela, a forma como eu coloquei minha
posição na Câmara, cria dificuldades para a base do governo. Portanto,
não quis criar nenhum constrangimento. Pedi demissão em caráter
irrevogável, agradecendo a ela [Dilma]", afirmou em entrevista.
Cid
apresentou ao pedido da demissão à Dilma em uma rápida reunião do
Palácio do Planalto. Ele encontrou a presidenta após sair da Câmara dos
Deputados, onde esteve hoje para responder a questionamentos sobre
declaração feita por ele de que há, no Congresso Nacional, “400 ou 300
achacadores”.
Cid disse que a declaração é uma opinião pessoal e
que a mantém. “A situação em que eu me encontrei, sendo convocado pela
Câmara para questionar a especulação que eu tinha feito em reservado, eu
não podia agir diferente, senão confirmar aquilo que disse, que penso
pessoalmente", declarou, ao sair do palácio.
O ex-ministro disse
que estava entusiasmado com o trabalho no Ministério da Educação e que
chegou a visitar seis estados em pouco mais de dois meses à frente da
pasta. “Estou feliz, eu lamento pela educação no Brasil, porque tem
muito o que fazer, estava entusiasmado. Para mim, cargo é ferramenta, é
oportunidade de servir as pessoas. Enfim, a conjuntura política impede a
minha presença no governo.”
Cid Gomes defendeu a presidenta
Dilma e disse que ela tem condições de superar a crise pela qual passa o
país. “A meu juízo, ela tem as qualidades que são necessárias. Tem
muito discurso de oposição, tem muita gente que fala em corrupção. Isso
parece ser uma coisa intrínseca ao governo, mas o que a Dilma está
fazendo é exatamente limpar o governo de corrupção que aconteceu no
passado. Isso é que ela está fazendo, é por isso que a gente vive uma
crise hoje."
"Quem demitiu esse Paulo Roberto, esse Renato Duque
[ex-diretores da Petrobras, investigados de participarem de esquema de
desvios de recursos na estatal] foi ela [Dilma]. Então, essa crise que
exponencializa a corrupção é uma crise anterior a ela. Ao contrário,
como é séria, ela está limpando, e não está permitindo isso. É isso que
fragiliza a sua relação com boa parte dos partidos que querem isso”,
acrescentou.
Segundo o ex-ministro, o Congresso é fundamental
para a democracia, mas se transformou em um “antipoder” por causa da
atual composição