
Trecho do artigo desta segunda (23/3) de Carlos Chagas, texto completo publicado na Tribuna da Imprensa:
"O singular está em que o PT começou mais ou menos assim, trinta anos atrás. Um núcleo de intelectuais, inclusive da Igreja, envolveu lideranças proletárias, inclusive a maior delas, o Lula. Imaginaram aproveitar o potencial humano do metalúrgico e de seus companheiros, repassando a eles conhecimento e deles recebendo lições práticas de suas necessidades e de sua capacidade de luta e de resistência. Assim formou-se o PT, entusiasmando a juventude e assustando as elites.
O diabo é
que concluímos, hoje, que o Partido dos Trabalhadores deixou de ter
trabalhadores e cansou de ser partido. Ao conquistar o
poder, transformou-se num aglomerado de burocratas empenhados em afastar-se
do proletariado, sem falar nos aproveitadores que se aproximam dos
cofres públicos. Com o passar do tempo das lutas, os intelectuais foram
saindo de mansinho, depois da Igreja. Ganha uma viagem a Cuba quem
citar um pensador de renome, um intelectual do tipo Florestan Fernandes
orientando o PT. Hoje, o ideal dos companheiros é alçar-se à classe
média ou chegar acima dela, de preferência como funcionário público e dirigente
de uma empresa estatal. O próprio Lula aburguesou-se.
Encontram-se nas bancadas do partido uns poucos
ex-sindicalistas, mas nenhum operário eleito nessa condição."
Leia a íntegra de "Nem trabalhadores no partiro nem partido dos trabalhadores"