Quarta, 17
de junho de 2015
Deu no dialogopetista, em 16/6
O 5º Congresso do PT, cuja segunda etapa foi realizada
neste final de semana, terminou sem que fossem dadas respostas concretas aos
principais problemas enfrentados pelo partido. A corrente majoritária conseguiu
fazer aprovar o apoio à política econômica de Dilma-Levy e impediu a volta dos
encontros de base, mantendo o PED.
As votações apertadas, porém, indicam que a crise interna
permanece e que aumenta a resistência da base partidária à política de
adaptação da direção, que leva o partido à paralisia.
Na plenária final, bastante acalorada e conduzida pela
mesa de forma confusa e tendenciosa, foram votadas as emendas ao texto base (a
tese do campo majoritário já aprovada no primeiro dia). A primeira divergência
votada foi em relação à política econômica. Uma emenda apresentada por Bruno
Elias, apoiada no manifesto dos sindicalistas petistas da CUT, com
apoio do DAP e outras teses, colocava no centro a necessidade de mudar a
política econômica implementada por Joaquim Levy, no Ministério da Fazenda. Foi
necessário contar os votos para saber qual seria a proposta vencedora. Foram
312 votos pela manutenção da atual política contra 256 que questionavam o plano
Levy.
Uma outra emenda polêmica foi em relação à auditoria da
dívida pública. Ela foi rejeitada por 350 delegados que votaram contra a
auditoria, 302 foram favoráveis.
Julio Turra, da Executiva Nacional da CUT, apresentou pelo
DAP emenda pela revisão da política de aliança nacional com o PMDB,
que trata o PT como um partido minoritário e que o PT precisa romper com a
lógica do presidencialismo de coalizão por meio de uma Reforma
Política numa Constituinte Exclusiva e Soberana. Disse também que o
PMDB representa os interesses de oligarquias retrógradas, evangélicos e
homofóbicos que atacam os LGBTs, direitos das mulheres e travam a reforma
política. A palavra de ordem: FORA CUNHA! tomou conta do plenário. Mas a emenda
foi derrotada.
O discussão mais tumultuada foi em relação ao PED: 5
oradores pelo fim do PED e 5 pela manutenção. Valter Pomar abriu a discussão,
destacando que os vícios do PED e do modelo de encontros eram similares, mas
seriam maximizados no PED. Benedita chegou a dizer que o PT era um partido de
massas e que o modelo congressual impediria a participação das massas. Misa
Boito, do DAP, falou que o PED reduz o militante
a mero cidadão consultado a cada 4 anos. A mais
impactante fala foi a do ministro Patrus Ananias, que explicou
que é por um partido de massas, mas não de massa de manobra, porque no PED
prevalece o transporte de eleitores, a compra de votos, pagamentos de boletos
por terceiros, trocas de favores e que o fundamental era o PT ser um partido de
massas militante. Deu 60% a 40%, por contraste.
A última emenda foi se o PT teria posição congressual
acerca do recebimento do financiamento empresarial de campanha. Por contraste
de voto venceu a proposta de remeter a questão ao Diretório Nacional.
Foi aprovada uma moção pela liberdade de João Vaccari
Neto, ex-tesoureiro do PT, preso injustamente pela operação Lava-Jato. Não
tinha como não aprovar: no primeiro dia, o plenário havia ovacionado de pé, por
três minutos, a saudação feita a Vaccari por Markus Sokol, do DAP. Foi aprovada
também uma moção em defesa da Petrobras.
O Comitê Nacional do DAP, que se reunirá no próximo
sábado, aprofundará um balanço que será depois distribuído.