Sexta, 3 de junho de 2016
do Portal Notibras
Marta Nobre
Documento guardado no cofre do empresário Wigberto Tartuce, mais
conhecido como Wigão, revela lavagem de dinheiro envolvendo o presidente
do Partido Progressista (PP), senador Ciro Nogueira. Wigão é
ex-deputado e tem fortes ligações no cenário político de Brasília, com
tentáculos que se estendem a outras unidades da Federação.
O documento, segundo reportagem do site QuidNovi, assinada pelo
repórter Mino Pedrosa, faz referência a um contrato de gaveta da compra
de polêmico jato de propriedade do Banco BMG e aterrissou nas mãos dos
procuradores da força tarefa da operação Lava Jato da Polícia Federal.
A investigação jogou o nome de Ciro Nogueira no volumoso inquérito
que tramita entre o judiciário do Paraná e o Supremo Tribunal Federal. A
aeronave matrícula PP-BMG série número 550-1045 é um modelo 550 Bravo,
fabricado pela Cessna Air Craft. O certificado de matrícula e
aeronavegabilidade tem o número 16.324. A reportagem lembra que o Banco
BMG esteve envolvido no escândalo do mensalão do PT.
De posse do contrato de gaveta, os agentes federais rastrearam a
empresa Geopetros – Geovani Petróleo e Derivados Ltda, associada à
empresa Atlas Ltda, que tem contratos de prestação de serviços com as
plataformas da Petrobras. Esses acordos também são alvo da Lava Jato.
Wigberto Tartuce detém 37,6% do avião e pagou U$ 980 mil dólares em
espécie, correspondente à época a 1 milhão 732 mil 446 reais e alguns
centavos, afirma o QuidNovi. O senador Ciro Nogueira também pagou a
mesma quantia à empresa que intermediou a compra da aeronave, para ficar
com o mesmo percentual (37,6%) de direitos sobre o jatinho.
As investigações atingiram a velocidade de um jato e Wigberto Tartuce
tenta se desfazer do imbróglio. Uma das preocupações de Wigão é
enfrentar mais um processo pela frente. Sabe-se que o ex-deputado
responde por desvio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
deixando todo seu patrimônio bloqueado em garantia de uma dívida de
cerca de 100 milhões de reais.
O que a Justiça não sabia – sublinha a reportagem -, é que o avião
foi comprado originalmente pela empresa Sigma Radiodifusão Ltda,
inscrita no CNPJ 37.993. 094/0001-57, de propriedade de Flávia Tartuce,
filha de Wigão. Ela também estaria com os bens bloqueados.
Segundo proprietários de hangares por onde a aeronave passou, vários
políticos do alto escalão da República voaram neste avião. Muitas
confidências teriam sido reveladas na cabine da aeronave. O QuidNovi
inica como passageiros contumazes o empresário Benedito Rodrigues, o
Bené, e o governador de Minas Gerais Fernando Pimental, que trocavam
segredos regados a champanhes e canapés.