Terça, 12 de dezembro de 2017
                
Nada será fácil para candidatos com esse perfil lançados por partidos menores, mas nada está ainda decidido.
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Por Hélio Doyle
 Os grandes partidos saem com grande vantagem nas eleições de 2018: 
terão mais dinheiro do fundo estatal, mais tempo no rádio e na 
televisão, presença garantida nos debates e não precisam se preocupar 
com a cláusula de barreira. A legislação eleitoral, incluindo os 
dispositivos recentemente aprovados, foi elaborada para beneficiar 
grandes partidos e os políticos que já detêm mandato, dificultando o 
surgimento e a consolidação de novas legendas e a renovação nas casas 
legislativas e nos executivos. Além disso, impede o que existe em 90% 
dos países: a possibilidade de um cidadão ser candidato independente, 
sem vínculo com partido.
 É natural, assim, que os candidatos a governador de Brasília que são 
filiados a grandes partidos sejam considerados favoritos. Terão mais 
dinheiro para suas campanhas e mais tempo para se apresentarem nos 
programas e nas inserções no rádio e na televisão, além de estarem nos 
debates e terem uma estrutura partidária maior. Essas vantagens aumentam
 se esses partidos se coligarem, acrescentando mais dinheiro e mais 
tempo aos candidatos.
 Entre os “grandes” está o governador Rodrigo Rollemberg, do PSB, que 
busca ter o apoio do PSDB e de partidos menores. Estão também os que se 
colocam como candidatos no campo da “direita”, como Jofran Frejat (PR), 
Ibaneis Rocha (PMDB), Alírio Neto (PTB), Alberto Fraga (DEM) e Izalci 
Lucas (PSDB). Ou no campo da “esquerda”, como Joe Valle (PDT) e o 
candidato do PT, ainda não definido — uma das hipóteses é a professora 
Rosilene Correa, diretora do Sinpro, e fala-se também no procurador 
Eugênio Aragão. O PSD alardeia candidatura própria, mas tende a apoiar 
alguém de outro partido.
 Os partidos “pequenos” terão candidatos, apesar das dificuldades que 
encontrarão. O Novo já lançou o empresário Alexandre Guerra. O PSol 
decidirá entre vários pré-candidatos, mas a tendência é indicar a 
professora Maria Fátima de Sousa, diretora da Faculdade de Ciências da 
Saúde e de Medicina da UnB. A Rede diz que poderá ter candidato próprio,
 mas está conversando com outros partidos para se coligar, tendo o 
distrital Chico Leite como candidato ao Senado. O PPS, que tem em seus 
quadros o senador Cristovam Buarque e o ex-senador Valmir Campelo, ainda
 não decidiu se terá candidato ou se coligará.
 Dentre os citados, poucos são candidatos sem mandato e sem grande 
vivência na política partidária, enquadrando-se em parte desse perfil 
desejado pela maioria dos eleitores brasilienses: Ibaneis, Rosilene, 
Aragão, Guerra e Fátima (ou outro que o PSol lançar). Cada um terá de 
enfrentar um problema comum — serem desconhecidos dos eleitores — e 
alguns problemas específicos, decorrentes deles próprios e de seus 
partidos. Guerra e Fátima, por exemplo, são de partidos pequenos. 
Ibaneis é do PMDB, que não é exatamente o partido indicado para quem se 
coloca como outsider. O PT sofre forte desgaste.
 E não é só distância da política e dos políticos tradicionais que os 
eleitores querem. O perfil desejado para um governador inclui 
experiência que demonstre competência e capacidade de diálogo e 
articulação e, sobretudo, honestidade e passado limpo. E embora os que 
se situam nos extremos do espectro político tenham seus votos, a 
expectativa é por alguém ao centro.
 Entre o quadro de hoje e a eleição haverá uma campanha eleitoral, curta
 e na qual os “grandes” levarão vantagem porque a lei os beneficia. Há 
favoritos, assim, porque as regras não garantem que os concorrentes 
disputem em igualdade. Mas, na verdade, não vale a pena apostar em 
nenhum deles. Os tempos mudaram e as pessoas andam bastante irritadas. 
Nada será fácil para candidatos com esse perfil lançados por partidos 
menores, mas nada está ainda decidido.
