Sexta, 11 de março de 2022
O ‘almoço grátis’ do PPI
Sem acabar com política de preços de paridade, País ficará enxugando gelo.
11 De Março De 2022
Uma das frases prediletas dos neoliberais é que “não se faz omelete sem quebrar os ovos”. Vamos nos inspirar nela para dizer: não dá para tratar de preços de combustíveis sem enterrar o PPI. Enquanto a discussão ficar em cima da falácia de que os valores devem ser atrelados aos movimentos especulativos nas Bolsas de Londres e Nova York e que o livre mercado cuidará do resto, o que se fará é ficar enxugando gelo, como ocorre com o projeto aprovado quinta-feira no Senado, boas intenções à parte.
A defesa do PPI se disfarça em 2 premissas falsas: a primeira, de que a Petrobras quebrou quando manteve preços nacionais no início da década de 2010 – o que muitos, entre eles esta coluna, já demonstraram ser fake news; a segunda, que a livre concorrência nos levaria ao paraíso. Difícil é explicar por que os preços sobem para que haja livre mercado…
A política atual beneficia multinacionais que exportam – especialmente dos EUA – e empresas importadoras de controladores pouco conhecidos em troca de apoio político – e, possivelmente, outras “cositas más” – que ganham mercado em cima da Petrobras, enquanto os preços só sobem.
Defender subsídios – como fez o último representante de Chicago, ministro Paulo Guedes, algo que faria corar um liberal raiz (que não estivesse em campanha eleitoral) – pode ser traduzido como transferir dinheiro de todos os contribuintes para benefícios de uns poucos empresários. Um absurdo, para não dizer escândalo.
Beneficiados, também, os poucos milhares de acionistas da Petrobras, a quem foram canalizados ano passado 100 bilhões de reais em dividendos.
Para quem diz que reduzir os preços tendo como base os custos internos de produção é populismo, fica o dever de explicar por que defende o elitismo. Pegando emprestada outra máxima dos liberais, “não existe almoço grátis” – especialmente quando o menu inclui lagosta, caviar e champanhe.
Pode
Antes que digam que o preço dos combustíveis deve seguir as cotações das bolsas internacionais, senão a Petrobras quebraria, vale lembrar que na Arábia Saudita, maior exportador e 2º maior produtor de petróleo do mundo, o preço da gasolina está na faixa de US$ 0,62, cerca de R$ 3,20. Ou menos da metade do valor no Brasil que, em 2020, era o 9º maior produtor.
Sueca e privada
A gigante sueca das telecomunicações Ericsson está enfrentando uma ação coletiva e tendo seu contrato governamental de US$ 2,6 bilhões com a Malásia questionado. Não basta ser escandinava ou empresa privada para atingir o paraíso.
Rápidas
Instituto Di Blasi, Parente e Escola de Negócios da Fundação Dom Cabral promovem o webinário “A gestão da pandemia sob a ótica científica e cultural nas diversas jurisdições”, nesta terça (15), às 10h. Entre os participantes, estão Margareth Dalcolmo, (Fiocruz), Paulo Almeida (FDC) e Raquel Araujo (Di Blasi). Inscrições aqui *** Neste sábado, tem Feira de Adoção de Cães e Gatos no West Shopping, em parceria com a Associação Casa Diolanda *** A empresa britânica de consultoria, contabilidade e auditoria Russell Bedford Brasil lança o Instituto de Educação – IERBB *** A estupidez tem cura? Tiago Pavinatto, advogado e professor, encara a pergunta em Estética da Estupidez – A Arte da Guerra Contra o Senso Comum (editora Almedina Brasil) *** O Santander Universidades e o British Council oferecem 5 mil bolsas para residentes maiores de 18 anos de 13 países – Brasil entre els. Os interessados podem se inscrever no site becas-santander.com até 29 de março *** A FGV celebra nesta segunda, acordo com Corte Interamericana de Direitos Humanos para difundir a defesa dos Direitos Humanos no âmbito universitário. O presidente da Corte, o uruguaio Ricardo Manrique, o ministro do STJ Luis Felipe Salomão, e o desembargador Elton Leme participam do evento, transmitido ao vivo, às 17h30, no canal da FGV no Youtube.
Diretor de Redação do Monitor Mercantil
Fonte: Monitor Mercantil
