Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 6 de maio de 2022

HOSPITAL REGIONAL DO GAMA (HRG) NA UTI

Sexta, 6 de maio de 2022

Governo Ibaneis e seu descaso com a saúde pública é responsável por um dos cenários mais caóticos da história do HRG

Por Juan Ricthelly

Uma das formas mais interessantes de verificar se um governante está entregando o que prometeu à população, é voltar lá atrás, e ler o que está escrito em seu Plano de Governo. Embora a palavra do Governador Ibaneis Rocha não seja digna de credibilidade (os servidores da CEB que o digam), ainda assim é interessante resgatar o que foi dito, para compararmos com o que está sendo feito agora.

O Plano de Governo[1] que levou o advogado Ibaneis Rocha ao comando do Governo do Distrito Federal, é um catatau de 69 páginas, onde 7 são dedicadas à saúde pública, com a seguinte introdução:

“Em pleno século XXI não é possível aceitar filas para marcar uma consulta ou um simples exame, nem aguardar sem perspectiva a marcação de uma cirurgia, por exemplo. Diante do exposto, é premente a implantação de um sistema informatizado de qualidade visando melhorar a gestão da saúde pública no gerenciamento das ações. Para tanto, é preciso também melhorar a gestão orçamentária, evitando desperdícios provocados por processos logísticos inadequados, descontroles de estoques e excessiva judicialização no Sistema de Saúde.”

Ao longo do texto, vários problemas da saúde pública, que são reais, são mencionados com as respectivas soluções, propondo uma ‘Revolução Necessária’ na saúde, onde a gestão seria modernizada, os servidores seriam valorizados, gestão digital integrada e moderna e uma séria de outras medidas, que transformariam Brasília na capital da saúde.

Acreditando naquele emaranhado de mentiras, a população do Distrito Federal elegeu Ibaneis Rocha com 41,97% dos votos no segundo turno, esperando viver naquela cidade que foi prometida durante a campanha, com serviços públicos excelentes e uma qualidade de vida digna dos países escandinavos.

Quatro anos depois... A realidade é outra, em alguns aspectos até pior.

A saúde no Distrito Federal virou destaque de manchetes e noticiários, hora pela suspeitas de corrupção, que levaram a cúpula da saúde para a Papuda, fraudes e superfaturamento nos contratos do IGES-DF, ameaças de CPI’s (Pandemia e IGES-DF) que foram abafadas por parlamentares da base do governo como o Deputado Daniel Donizet, que ganhou o apelido de ‘Coveiro de CPI’, hora pelo desespero da população sofrendo nas filas dos hospitais, UPA’s e UBS’s, sem atendimento médico, remédios, profissionais e insumos básicos, tendo até mesmo que buscar socorro nos municípios do Entorno.

O Hospital Regional do Gama, inaugurado no dia 12 de março de 1967, completou 55 anos em 2022, e o presente recebido do GDF foi o caos e o abandono, que levaram o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) a indicar a Interdição Ética do HRG.

Segundo o site do CRM-DF[2], o indicativo de interdição ocorrerá quando “há prova inequívoca de que a continuidade de funcionamento da instituição, em condições precárias, traga fundado receio da iminente ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação aos pacientes que dela necessitem”.

Foi dado um prazo de 30 dias para que os problemas existentes sejam sanados pela Secretaria de Saúde, prazo que termina na próxima segunda feira (9 de maio de 2022).


ABRAÇO SOLIDÁRIO NO HRG

Na manhã de hoje (6 de maio de 2022), após convocação da Rede Intersetorial do Gama, a comunidade compareceu em peso ao HRG para um ato de Abraço Solidário no hospital.

Estiveram presentes lideranças comunitárias, conselheiros de saúde, usuários do hospital e representantes do SINDENFERMEIRO.

Por meio de um alto falante, várias pessoas se manifestaram, expressando o seu descontentamento e indignação com aquele cenário caótico, convertendo o ato em uma Assembleia Popular em frente ao Pronto Socorro.

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Obs.: Por ser um texto também opinativo, não necessariamente coincide com a opinião deste blog.