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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

JUROS ALTOS —Ju Furno: BC está na contramão do projeto econômico que a população escolheu para o Brasil

Quinta, 16 de fevereiro de 2023
Os juros elevados não corrigem o problema da inflação brasileira e esfriam a economia

Juliane Furno
São Paulo | 16 de Fevereiro de 2023

Juliane Furno é doutora em desenvolvimento econômico na unicamp; militante do Levante Popular da Juventude e Economista-chefe do IREE - Reprodução

O Banco Central tem mantido no Brasil as taxa de juros mais altas do mundo. Pagamos hoje 13,75% de taxa nominal e 8% de taxa real de juros. É mais que o dobro do segundo colocado, o México. Essa taxa de juros muito elevada tem sido mantida sob a justificativa de controlar e, principalmente, ancorar as previsões de inflação, ou seja mantê-la próxima da meta.

Em grande medida, o Banco Central tem responsabilidade de desfazer as expectativas geradas de que a inflação estará próxima da meta fixada. Ele tem sinalizado —inclusive, mais do que o resto do mercado— que a inflação em 2024 deve ser muito mais elevada em função dos preços administrados.

O Banco Central fabrica um diagnóstico e aplica o remédio. E esse remédio de juros elevados não apenas deixa de corrigir o problema da inflação brasileira.

Nossa inflação tem muita pouca relação com a demanda, portanto, um resfriamento da economia, uma recessão econômica, não corrigiria o problema da demanda que é de oferta. Por outro lado tem impacto na economia e no projeto do governo para a economia.

A decisão do BC coloca a economia brasileira caminhando na contramão do que o [presidente] Lula e a maioria da população que votou nele deseja para o país, que é mais emprego, investimento e políticas públicas.

Portanto, é importante levar em consideração que essa disputa é sobre o projeto de país. A economia brasileira já está no período de desaceleração e por isso não suporta mais taxas de juros tão elevadas que remuneram e aumentam a dívida pública.

Por outro lado, as altas taxas esfriam a economia, inibindo investimentos e emprego.


*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rodrigo Durão Coelho