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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 13 de março de 2024

GREVE NACIONAL —Técnico-administrativos da UnB cobram reajuste salarial e entram em greve, por prazo indeterminado

Quarta, 13 de março de 2024
Paralisação iniciou na segunda (11); outras 32 universidades também aderiram

Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 13 de março de 2024

Demanda é por reestruturação da carreira e recomposição salarial - Comunicação Sintfub

Servidores técnico-administrativos da Universidade de Brasília (UnB) iniciaram nesta segunda-feira (11) o período de greve em defesa da reestruturação da carreira e recomposição salarial. A decisão foi anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação UnB (Sintfub), que protocolou a resolução grevista no dia 6 de março, junto à Reitoria.

A mobilização é de escala nacional e todos os sindicatos relacionados à educação superior federal que aprovaram a deflagração de greve seguem o mesmo protocolo. As negociações estão sendo feitas entre a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e o governo federal, por meio do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). A demanda por reestruturação da carreira abrange diversas categorias de servidores federais que também estão abrindo possibilidade de greve para serem ouvidos pelo governo federal.


O Brasil dispõe de 69 universidades federais, sendo que 67 são filiadas à FASUBRA e 54 aprovaram indicativo de greve também nesta segunda-feira. Desse total, 32 instituições, incluindo a UnB, já estão com a greve de técnicos deflagrada desde já, enquanto o restante farão seus anúncios no decorrer da semana.

Também no dia 11, as atividades da greve se iniciaram com uma Assembleia Geral, na Praça Chico Mendes do Campus Darcy Ribeiro. Na ocasião, o coordenador geral do Sintufb, Edmilson Lima, afirmou que a deflagração da greve uma semana antes do início das aulas se justifica pelo fato de que “nos dois anos de governo Temer e nos quatro anos do governo Bolsonaro ficamos sem aumento. No ano passado conseguimos 9%, mas se o governo Lula não nos der aumento serão 7 anos de defasagem. Nós somos importantes na formação de profissionais da educação em todas as áreas do conhecimento e da produção do nosso Estado. Então temos que dizer pro governo que somos importantes e nosso salário está baixo”.

Apoio político

Parlamentares também estiveram presentes na Assembleia para demonstração de apoio. O distrital Fábio Félix (PSOL) reconheceu a importância dos trabalhadores da UnB. “A universidade pública brasileira foi um dos principais instrumentos políticos desse país para a gente superar a era tenebrosa que vivemos nos governos anteriores. Existe um abismo de diferenças entre as categorias desse país que são chamadas de “típicas de estado” que ganham salários batendo no teto e tem outras categorias que estão há anos estagnadas. São categorias que têm sido desrespeitadas apesar de fazerem um trabalho fundamental”.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou “iremos apresentar na comissão de serviço público a proposta de criar uma subcomissão para acompanhar a greve das Universidades públicas brasileiras para quem nós possamos estar atentos e atentas para que tenhamos uma negociação profícua e que possamos ter a valorização destas instituições de ensino”.

Os demais setores da universidade expressaram apoio à mobilização do Sintfub durante uma assembleia. Representantes da gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães agendaram o Conselho de Entidades de Base (CEB) para apoiar a mobilização dos servidores e a possibilidade de uma greve estudantil.

A presidenta da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), Eliene Novaes Rocha, prestou solidariedade à categoria dos técnicos indicando a possibilidade de que também os professores podem iniciar um processo de greve no mesmo ritmo. “Estamos num momento crucial em que temos clareza que nossa luta de base é o que dará conta da organização em torno da defesa dos nossos salários e nossas carreiras. Precisamos fortalecer a luta com outras carreiras e categorias que estão em processo de discussão da greve. O governo federal não dá a resposta que gostaríamos e o que eles mantêm, a proposta de reajuste zero em 2024, é inaceitável”, destacou.

Ela acrescenta que “a luta aqui não é só salário, é também um debate profundo sobre nossas carreiras que é fundamental que temos que retornar nesse governo já que tivemos muitos prejuízos nos últimos seis anos com congelamento salarial e esvaziamento do serviço público”.

O Coordenador Geral do Sintfub leu as declarações de apoio à reestruturação da carreira manifestadas pelo Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e informou à Assembleia que o Conselho Universitário (Consuni) endossou o apoio da Andifes em sua última reunião. “Agora vamos dizer aos governantes que somos importantes e temos uns dos salários mais baixos e sem vantagem direta. Somos quase 60 universidades em greve além dos institutos. Vamos colocar o bloco na rua para sermos vitoriosos”.

Em resposta à greve, o portal da UnB publicou um breve comunicado reconhecendo a importância profissional e “a luta dos servidores técnicos que recebem salários muito aquém de suas responsabilidades”.

A próxima Assembleia para debater os encaminhamentos da greve acontece no dia 18 de março, mesmo dia de retorno das aulas na universidade.


Edição: Márcia Silva