Terça, 24 de julho de 2012
Enquanto isso, o doutor governador continua voando. Pensando bem, voltar para quê? Veja a seguir texto publicado no site do Sindicato dos Médicos do DF relatando o estado calamitoso do atendimento no Hospital Regional de Santa Maria.
Do SindMédico
Bebês desassistidos |
O
Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) protocolou,
na sexta-feira, dia 20, no Conselho Regional de Medicina do Distrito
Federal (CRM/DF) um pedido de interdição ética na neonatologia do
Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). A equipe, que deveria ter
número mínimo de 11 profissionais, conta atualmente com apenas cinco –
dois outros foram transferidos para o Hospital Regional da Asa Sul
(HRAS). O pedido foi feito após reunião dos médicos lotados no HRSM na
noite da quinta-feira, 19.
Os neonatologistas informaram que de 23 vagas existentes para essa
especialidade no HRSM, de maio a setembro caiu de 10 para cinco
profissionais, quatro deles aprovados no concurso realizado em 2011.
Quase todos os médicos têm contratos de 20 horas semanais e estão no
limite para a prestação de horas extras. Três dos contratos temporários
venceram sem renovação e dois profissionais foram transferidos para o
Hospital Regional da Asa Sul conforme ofício de 29 de junho da Gerência
de Assistência Intensiva/DIASE/SAS/SES.
Nesse mesmo documento, as coordenadoras de Neonatologia e de Pediatria, Martha Gonçalves Vieira e Carmen Lívia F.S. Martins, determinaram que pediatras substituíssem neonatologias na sala de parto e no alojamento conjunto. Os pediatras presentes questionam o desvio de função, uma vez que depois da formação, não desenvolveram a prática naquela especialidade, o que aumenta o risco de falha em procedimentos específicos da especialidade de neonatologia.
Insegurança para os pacientes e para os médicos
O HRSM possui UTI neonatal terceirizada e regulada, oito salas de
parto, 40 leitos no Alojamento Conjunto (Alcon) permanentemente
ocupados, cinco leitos no Centro Obstétrico, oito salas de parto e 12
leitos na enfermaria do 1º andar (essas estão fechadas). A sala de
descanso da pediatria funciona como internação e tem 14 leitos, mas
comporta até 20 crianças e também está permanentemente ocupada.
O Hospital, no qual são realizados, em média, 15 partos a cada 24
horas, compõe a Rede Cegonha, coo referência para Santa Maria e cidades
do Entorno, com fluxo constante de casos de prematuridade extrema e
outras gestações de risco, o que torna ainda mais inseguro o atendimento
de neonatos por pediatras. Nem sempre é possível a transferência desses
casos para outra unidade mais bem provida de profissionais. No caso de
intercorrências duplas não há mais que um neonatologiasta de plantão
para o socorro. A escala de plantão do mês de agosto apresentada mostra
falta desses profissionais em diversos turnos.
São 28 os pediatras lotados no HRSM. Desses, 13 são concursados e 15
são contratados. Os contratos temporários vencem em setembro, que é o
mês de aquisição de férias dos médicos que assumiram em 2011. O trabalho
em horas extras é o que permite a continuidade do atendimento no Alcon.
Diante da limitação na neonatologia e na pediatria, a obstetrícia está
sendo obrigada a restringir internações.
“Não condição segura de atuação profissional diante desse quadro –
não é ética e juridicamente seguro para médicos e não é seguro para os
pacientes. A Secretaria de Saúde não pode anular por meio de portaria a
especialização do atendimento neonatal, que tem especificidades
distantes da prática dos pediatras”, diz o presidente do SindMédico-DF,
Gutemberg Fialho.
No Conselho Regional de Medicina do DF a denúncia, que foi
documentada com memorandos, escala de plantão e outros documentos, será
analisada pela equipe técnica e apreciada pelo colegiado da autarquia.