Domingo, 17 de abril de 2016
Daniel Lima e Marieta Cazarré – Repórteres da Agência Brasil
Na véspera da votação da abertura do processo de impeachment
contra a presidenta Dilma Rousseff, as manifestações na capital federal
ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Ao longo do dia, grupos
favoráveis e contrários ao afastamento da presidenta ocorreram em lados
opostos do Eixo Monumental.
No lado sul da Esplanada, cerca de 30 pessoas a favor do impeachment,
segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal e dos
organizadores, acompanhavam um trio elétrico por volta das 17h de hoje
(16). Um dos manifestantes era o porta-voz do grupo Avança Brasil
Maçons-BR, o engenheiro Nilton Caccaos, disse que a expectativa não era
ter uma grande movimentação neste sábado.
“Agora, é só um ensaio,
um aquecimento para amanhã, quando esperamos, junto com os outros
movimentos, cerca de 400 mil pessoas aqui na Esplanada dos Ministérios”,
disse. Segundo Caccaos, o movimento aguarda muitos manifestantes pró-impeachment
vindo de outros estados. “Para o momento atual e por tudo o que a gente
viu, a melhor solução seria a renúncia de Dilma. O Brasil já está
vivendo uma tensão e uma pressão muito grande”, comentou.
Também
presente à manifestação, a gerente de projetos Carla Zambelli, do
Movimento Nas Ruas, disse que amanhã (17) o grupo acompanhará toda a
votação. Se a Câmara aprovar o prosseguimento do processo de impeachment, haverá um grande show. “Se o nosso lado ganhar ficaremos aqui e faremos uma grande festa com um show”, afirmou Carla.
Segundo
Carla, são esperadas de 30 mil a 40 mil pessoas contrárias ao governo
neste domingo (17) na Esplanada. “O movimento é justo porque há crime de
responsabilidade conforme a denúncia. Sim, isso está configurado. O
Tribunal de Contas da União (TCU) também já reprovou as contas [de Dilma
de 2014]”, declarou.
Em meio aos protestos, o lavador de carros
Armando de Souza e companheira, Maria Soares de Souza, grávida de seis
meses, aproveitavam o som do trio elétrico para dançarem. Eles não
quiseram revelar de que lado estão. “Espero justiça, principalmente para
os trabalhadores”, disse Maria.
A massoterapeuta aposentada,
Sandra Maria Vilela, 63 anos, afirmou que falta ética em todas as
instituições brasileiras. “Nosso país é riquíssimo, está faltando é boa
gestão. Temos direito de exigir de quem votamos o melhor pelo nosso
país. Quero não só Dilma fora, mas também Temer, Renan, Cunha e todos
aqueles envolvidos em corrupção”, ressaltou.
Contra o impeachment
Por
volta de 19h30, segundo estimativa da Polícia Militar, um grupo com
aproximadamente 2 mil pessoas a favor da presidenta Dilma Rousseff
chegou ao lado norte da Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes
contrários ao impeachment estão acampados no estacionamento do
Estádio Nacional, a aproximadamente 2,5 quilômetros do Teatro Nacional,
local definido pela Secretaria de Segurança Pública do DF como ponto de
concentração do grupo.
De acordo com o secretário da juventude do
PT nacional, João Paulo Farina, 26 anos, o objetivo da passeata é
envolver o conjunto da juventude que está no acampamento e mostrar a
diversidade das bandeiras que participam do ato. “Por isso a gente foi
pra rua mostrar a nossa cara, [que é] indígena, dos negros, das mulheres
e LGBT” afirmou. Um grupo de cerca de 20 indígenas puxava a
manifestação.
Segundo
Farina, se a presidenta sair do governo, quem sairá perdendo é a
juventude brasileira. “A gente acredita na vitória porque não existe
alternativa ao projeto da Dilma. Nem o Temer, nem o Cunha. O que está
posto para nós é o programa que foi eleito ano passado”, disse.
Também contrário ao impeachment,
o professor da Universidade de Brasília Luis Carlos Galetti, 70 anos,
afirmou que o Brasil vive um momento ímpar em sua história. “Vários
movimentos vêm se unificando, construindo um movimento social e político
em defesa da democracia, contra esse golpe em andamento engendrado por
forças muito poderosas dos grandes grupos da mídia empresarial e da
imprensa escrita, falada e radiofônica”, destacou.