Do Blogue Náufrago da Utopia
Celso Lungaretti
Como
não levo a sério os partidos e personagens da política oficial, faço
questão de tratá-los de forma jocosa, como se fazia no tempo do Barão de
Itararé ou d'O Pasquim.
É
hora de pararmos de superdimensionar os feios, sujos e malvados que
atuam na comédia do poder, como a mídia nos incute sub-repticiamente o
tempo todo, fazendo crer numa autonomia de decisão que eles
verdadeiramente não têm, títeres que são do poder econômico.
Também
neste caso, revolucionário é mostrar a nudez do rei, dos cortesãos e
até dos que querem simplesmente substituir o monarca, mas não extinguir a
monarquia.
Neste sentido, o artigo do jornalista Vinícius Mota, Parasitas da agonia,
permite uma comparação entre dois textos inspirados pelo mesmíssimo
sentimento de compaixão: o de quão cruel é permitir que Dilma Rousseff
(merecedora de meu respeito como antiga companheira na luta conta a
ditadura, malgrado pareça outra pessoa desde que o beijo do Lula a
metamorfoseou em rainha do Planalto) permaneça tanto tempo sob os
holofotes como morta-viva, ostentando a perplexidade face ao
defenestramento iminente e todo seu descontrole emocional, quando a
chance de reversão do quadro e permanência como presidente é zero.
Eu dei este recado
no domingo (24) em clave zombeteira, como de hábito; ele, um dia
depois, com o comedimento de um comentarista da grande imprensa. Mas, no
fundo, ambos pensamos igual: será uma pena se Dilma não sair de cena
com um mínimo de dignidade. Alguém precisa dar-lhe este toque.