Quarta, 27 de abril de 2016
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
Pela sexta vez seguida, o Banco Central (BC) não mexeu nos juros
básicos da economia. O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve por
unanimidade hoje (27) a taxa Selic em 14,25% ao ano. A decisão era
esperada pelos analistas, que preveem que a taxa permanecerá inalterada até o fim do ano.
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Em
comunicado, o Copom informou que o nível atual de inflação não permite
ao Banco Central começar a reduzir os juros básicos agora. "O comitê
reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a
contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos.
No entanto, considera que o nível elevado de inflação em 12 meses e as
expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não
oferecem espaço para a flexibilização da política monetária", informou o
texto.
Os juros básicos estão nesse nível desde o fim de julho
do ano passado. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no mesmo
percentual de outubro de 2006. A Selic é o principal instrumento do
banco para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Oficialmente, o
Conselho Monetário Nacional estabelece meta de 4,5%, com margem de
tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulou 9,39% nos
12 meses encerrados em março, depois de atingir o recorde de 10,71% nos
12 meses terminados em janeiro.
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerre 2016 entre 6,6% e 6,9%. O mercado está mais pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA fechará o ano em 6,98%.
Há
sete semanas seguidas, o mercado reduz a estimativa de inflação. Além
do fim do impacto da elevação de preços administrados (como energia e
combustíveis), a queda do dólar tem contribuído para a diminuição dos
índices de preços. Nos próximos meses, a expectativa é que a inflação
desacelere ainda mais por causa do agravamento da crise econômica.
Embora
ajude no controle dos preços, o aumento ou a manutenção da taxa Selic
em níveis elevados prejudica a economia. Isso porque os juros altos
intensificam a queda na produção e no consumo. Segundo o boletim Focus,
os analistas econômicos projetam contração de 3,88% do Produto Interno
Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016. No Relatório de Inflação, o BC prevê retração de 3,5%.
A
taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais
taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central
segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros
mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os
juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o
consumo, mas enfraquece o controle da inflação.
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