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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 26 de abril de 2016

A ineficiente política de juros do Banco Central

Terça, 26 de abril de 2016
Da Auditoria Cidadã da Dívida
Começa nesta terça-feira (26) a reunião do Banco Central para discutir a taxa básica de juros aplicada no Brasil, a Selic. Atualmente em 14,25%, essa taxa é uma das mais elevadas do mundo e a expectativa é que seja mantida no mesmo nível, conforme as últimas cinco reuniões.

O Brasil é o país que mais gasta com juros, tanto os juros incidentes sobre os títulos da chamada “dívida pública”, como os juros pagos pela sociedade em geral nas operações de crédito (empréstimos, cheque especial, cartão de crédito, etc.).



Para a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã, Maria Lucia Fattorelli, não existe justificativa técnica, econômica, política ou moral para a cobrança de taxas tão elevadas que prejudicam a sociedade. “Os juros extorsivos esterilizam grande quantidade de recursos que deveriam estar circulando na economia produtiva, pagando melhores salários e viabilizando serviços sociais que garantiriam vida digna para as pessoas”, ressaltou.


Ela argumentou que o único beneficiário dessa generosa aberração é o setor financeiro privado nacional e internacional, e o grande responsável por isso é o Banco Central do Brasil.


Mas como esperar taxas mais baixas se o afamado Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) é predominantemente composto por pessoas que vêm do sistema financeiro e cujo interesse é continuar obtendo lucros exorbitantes com as taxas de juros altíssimas? E essa influencia não se restringe aos setores econômicos, extrapola outros segmentos do poder executivo e legislativo, que recebem quantias elevadas para financiar campanhas eleitorais em troca da atuação em favor dessas instituições.


Fattorelli ressalta que a política econômica em vigor, impede que os juros cobrados da população e empresas pelas instituições financeiras abaixem. “O BC absorve todo o excesso de moeda que os bancos têm em caixa, entregando-lhes, em troca, títulos da dívida interna que rendem os maiores juros do mundo.


Atualmente, cerca de R$ 1 trilhão em títulos da dívida estão sendo utilizados nessas operações, ou seja, dinheiro que poderia estar no caixa dos bancos que poderiam ser destinados a empréstimos à sociedade, aumentando a oferta. Isso provocaria uma forte queda nas taxas de juros”, explicou.


Ela lembrou que a atual justificativa de juros altos para combater a inflação não se aplica, pois o tipo de inflação que temos no Brasil decorre do abusivo aumento do preço das tarifas e de alimentos.


A sociedade precisa se conscientizar e cobrar transparência nas ações, legalidade, justiça na condução dos processos. Não é aceitável a influencia e poder que as grandes instituições financeiras têm na política e economia do país.


São os direitos dos cidadãos que vem sendo subtraídos em benefício do grande capital. Por isso a mobilização contra o aumento das taxas de juros e pela auditoria da dívida se faz cada vez mais importante.