Segunda, 25 de abril de 2016
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Os encargos da dívida pública estão cada vez mais insustentáveis. A
combinação estabelecida pelo governo, que inclui juros altos e redução
da base monetária, que corresponde ao volume de moeda em circulação, vem
se mostrando fracassada para controlar a inflação, mas eficiente em
elevar a dívida pública.
O jornal Estado de S. Paulo destacou que
o ritmo de crescimento da dívida pública foi quase três vezes maior que
em 2014. O resultado negativo do ano passado foi puxado pelo aumento
nas despesas com juros, que provocou o aumento do estoque.
A
Folha de S. Paulo também comparou o problema da dívida a uma bomba
relógio que cresce, segundo o jornal, R$ 2 bilhões por dia e que o
endividamento de União, Estados e Municípios já ultrapassou R$ 4
trilhões. Dados apurados pela Auditoria Cidadã da Dívida mostram que
esse valor chega a R$ 3 bilhões diários, se incluídos os juros da parte
da dívida em poder do Banco Central que é usada nas operações de mercado
aberto.
O caderno de economia do jornal Correio Braziliense
informou que a dívida pública aumentou 2,38% em março na comparação com
fevereiro, passando para 2,886 trilhões. (http://goo.gl/M8RnHb).
Cabe ressaltar que nesse estoque também não estão incluídos os títulos
em poder do Banco Central que são utilizados nas operações de mercado
aberto. Ao computarmos corretamente tais títulos, o estoque já passa de
R$ 4 trilhões.
O endividamento púbico também foi destaque no
portal de notícias G1. Segundo o site, uma das razões para o aumento da
dívida em março foi a emissão de títulos públicos pelo governo em
valores superiores aos resgates. (http://goo.gl/IjgJal)
O debate sobre a dívida pública vem, enfim, ocupando as páginas dos
principais jornais, porém a abordagem ainda não foca no ponto central do
problema e simplifica as soluções para um mero programa de corte de
gastos e reformas trabalhistas. As preocupações seguem vinculadas ao
rebaixamento da nota do país pelas agências internacionais de
classificação de risco e a percepção dos investidores sobre a economia
“instável” do Brasil, fugindo da necessidade de completa auditoria,
desde a origem dessa dívida.
É importante estendermos o debate da
dívida para o grande público, mostrando os impactos desse endividamento
na economia do país e seus reflexos na sociedade. É preciso questionar a
origem, a legalidade e legitimidade da dívida, com coerência de dados e
honestidade de informação.
O enfrentamento do problema da dívida
pública passa por um debate mais profundo sobre a arquitetura
financeira, obrigações do Estado e direitos dos cidadãos. O ônus da
dívida não pode mais continuar a ser pago pelo povo enquanto as grandes
instituições bancárias e financeiras usufruem do bônus.
No artigo
“O Banco Central está ‘suicidando’ o Brasil”, a coordenadora nacional
da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli explica como
funciona a economia brasileira, os mecanismos ineficientes adotados pelo
BC para conter a crise e o peso da dívida pública para o país. (http://goo.gl/9RMqkC)