Terça, 26 de abril de 2016
André Richter – Repórter da Agência Brasil
A Justiça Federal em Curitiba deu prazo de 15 dias para que a
Polícia Federal conclua as investigações da 28ª fase da Lava Jato,
deflagrada no dia 12 deste mês. A operação prendeu, em Brasília, o
ex-senador Gim Argello (PTB-DF), acusado pela força-tarefa de
procuradores da operação de receber propina em troca de sua atuação
política em comissões parlamentares de inquérito que investigavam a
Petrobras.
No despacho, a juíza Gabrila Hardt, da 13ª Vara
Federal em Curitiba, substituta do juiz Sérgio Moro, entendeu que a
Polícia Federal precisa de mais prazo para finalizar a investigação.
"Apesar
das provas já referidas na decisão em questão, apontando, em cognição
sumária, provas de materialidade de crimes e indícios de autoria em
relação ao investigado, afigura-se salutar conceder mais tempo à Polícia
Federal para melhor análise do material apreendido", decidiu a juíza.
A
Operação Lava Jato investiga, em sua 28ª fase, denominada Vitória de
Pirro, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Senado e a comissão
parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investigaram irregularidades
na Petrobras em 2014.
Segundo os procuradores da Lava Jato, a
prisão do ex-senador foi autorizada após terem sido recolhidas provas de
que ele recebeu R$ 5 milhões em propina da empreiteira UTC Engenharia,
conforme depoimento do dirigente da empresa, Ricardo Pessoa, em delação
premiada.
Argello teria orientado o empreiteiro a destinar o
dinheiro na forma de doações eleitorais aos diretórios nacionais de
quatro partidos indicados por ele: DEM (R$ 1,7 milhão), PR (R$ 1
milhão), PMN (R$1,15 milhão) e PRTB (R$1,15 milhão). Em 2014, as siglas
integravam uma coligação com o PTB, partido pelo qual o ex-senador
tentava a reeleição.
Em depoimento prestado ontem na Polícia
Federal em Curitiba, Argello ficou em silêncio e não respondeu às
perguntas dos delegados.
A defesa de Gim Argello alega que não há
provas de que o ex-senador recebeu propina e que ele não tem mais
influência política para interferir nas investigações.