Quarta, 25 de agosto de 2010
Por Ivan de Carvalho
Bem, parece que no momento em que PT e PMDB deram caráter formal à aliança eleitoral para as eleições presidenciais e à aliança política para o futuro governo, o PMDB tratou o PT como se este fosse um partido normal, a exemplo do próprio PMDB, do PSDB, do DEM, do PR, do PP, do PTB. Mas o PT não é um partido normal. Porque não quer ser partido, quer, no final do caminho, ser o todo. Claro que há petistas, até facilmente identificáveis, que não pensam assim, mas vale a resultante do conjunto e a resultante é a enunciada na frase precedente.
É quase inacreditável – e só se explica por uma sofreguidão exagerada pelo governismo – que o comando peemedebista haja cometido um erro tão grave, que já está apresentando seus primeiros efeitos e, a julgar por estes, deverá apresentar ainda muitos outros. O PMDB celebrou a aliança sem impor – quando ainda podia impor, pois agora parece que já não pode, graças, em boa parte, ao reforço imenso que ele mesmo deu ao desígnio petista de eleger a sucessora de Lula – condições absolutamente objetivas, seja para a campanha, seja para o eventual futuro governo.
Para o partido não sair prejudicado já na campanha eleitoral e tendo-se farto conhecimento do prestígio popular de Lula e da força representada pelo comando do Poder Executivo federal, o mínimo que o PMDB poderia, se estivesse agindo com sanidade, fazer seria estabelecer algo como “tratamento igual”. Essa igualdade teria de ser respeitada por Lula e a candidata petista Dilma Rousseff em relação a todos os candidatos petistas e peemedebistas a governador e senador.
Outros aliados, como o PR e o PP, poderiam “pegar carona” no acordo PT-PMDB para exigir que a igualdade valesse também em relação a eles. Isto talvez incomodasse um PMDB sôfrego e egoísta, mas não deveria incomodar um PMDB inteligente, pois se os demais aliados importantes exigissem também a pactuação da igualdade, isto reforçaria a exigência do próprio PMDB.
Garantido o “tratamento igual” de Lula, Dilma e o governo para o PT e os aliados durante a campanha eleitoral, então se poderia discutir e resolver certos detalhes importantes, como, para o PMDB, era a candidatura de Hélio Costa ao governo de Minas Gerais. Isso seria possível sob o argumento óbvio e incontestável de que o Grande Prêmio o PT já estaria levando – a Presidência da República. Teria então que ceder muito no restante para que se estabelecesse uma situação de equilíbrio.
Nada disso foi feito e porque não foi feito o presidente Lula já está aí atropelando o PMDB em pelo menos dois Estados (a Bahia é um deles) e o PR. E o comando nacional dos dois partidos não dá um pio. Se já está assim antes das eleições, pode-se imaginar depois, se Dilma vencer mesmo, como sugerem neste momento todos os sinais.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
É quase inacreditável – e só se explica por uma sofreguidão exagerada pelo governismo – que o comando peemedebista haja cometido um erro tão grave, que já está apresentando seus primeiros efeitos e, a julgar por estes, deverá apresentar ainda muitos outros. O PMDB celebrou a aliança sem impor – quando ainda podia impor, pois agora parece que já não pode, graças, em boa parte, ao reforço imenso que ele mesmo deu ao desígnio petista de eleger a sucessora de Lula – condições absolutamente objetivas, seja para a campanha, seja para o eventual futuro governo.
Para o partido não sair prejudicado já na campanha eleitoral e tendo-se farto conhecimento do prestígio popular de Lula e da força representada pelo comando do Poder Executivo federal, o mínimo que o PMDB poderia, se estivesse agindo com sanidade, fazer seria estabelecer algo como “tratamento igual”. Essa igualdade teria de ser respeitada por Lula e a candidata petista Dilma Rousseff em relação a todos os candidatos petistas e peemedebistas a governador e senador.
Outros aliados, como o PR e o PP, poderiam “pegar carona” no acordo PT-PMDB para exigir que a igualdade valesse também em relação a eles. Isto talvez incomodasse um PMDB sôfrego e egoísta, mas não deveria incomodar um PMDB inteligente, pois se os demais aliados importantes exigissem também a pactuação da igualdade, isto reforçaria a exigência do próprio PMDB.
Garantido o “tratamento igual” de Lula, Dilma e o governo para o PT e os aliados durante a campanha eleitoral, então se poderia discutir e resolver certos detalhes importantes, como, para o PMDB, era a candidatura de Hélio Costa ao governo de Minas Gerais. Isso seria possível sob o argumento óbvio e incontestável de que o Grande Prêmio o PT já estaria levando – a Presidência da República. Teria então que ceder muito no restante para que se estabelecesse uma situação de equilíbrio.
Nada disso foi feito e porque não foi feito o presidente Lula já está aí atropelando o PMDB em pelo menos dois Estados (a Bahia é um deles) e o PR. E o comando nacional dos dois partidos não dá um pio. Se já está assim antes das eleições, pode-se imaginar depois, se Dilma vencer mesmo, como sugerem neste momento todos os sinais.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.