Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 29 de março de 2011

A volta da falácia do Brasil "credor" e "independente"

Terça, 29 de março de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Portal G1 confirma os alertas constantes na edição de 9/12/2010 deste boletim, de que o Brasil pode comprar títulos da dívida de Portugal, sob a justificativa de combater a crise da dívida que afeta aquele país.

Ao mesmo tempo em que anuncia cortes de gastos sociais e alega a impossibilidade de aumentar o salário mínimo, as aposentadorias e os salários dos servidores públicos, o governo brasileiro acena com a ajuda financeira a Portugal, para que este país tente refinanciar sua questionável dívida.

Conforme mostra o Jornal Correio Braziliense, o governo cancelou concursos públicos e não aceita reajustar a Tabela do Imposto de Renda acima de 4,5%, enquanto a defasagem já chega a 54% frente à inflação. Tudo isso para viabilizar recursos para o pagamento da dívida.

Ou seja: o povo brasileiro, além de pagar o custo da questionável dívida brasileira -  sofrendo com a carência de serviços públicos básicos, como saúde, educação, reforma agrária, etc - agora poderá pagar também o custo da questionável dívida de Portugal, contribuindo para salvar bancos, que agora especulam contra o próprio país, cobrando altos juros para refinanciar a dívida portuguesa.

As dívidas dos países europeus também se multiplicam devido à opção de reduzir drasticamente os impostos sobre os mais ricos: de 1995 a 2010, a alíquota máxima sobre a renda das empresas portuguesas caiu de 40% para 26,5%, conforme mostra Relatório da Comissão Européia (pág 31).

No Brasil, ao mesmo tempo em que qualquer aumento de gasto social ameaça a meta do “superávit primário”, os investimentos  em títulos de dívida pública de outros países não influenciam tal meta, razão pela qual podem ser feitos sem limite.

Caso se confirme esta compra de títulos portugueses pelo Brasil, muito provavelmente isso será fortemente explorado pelo governo como mais uma suposta prova da “independência” do Brasil, que agora estaria salvando da crise a sua antiga Metrópole, e se tornando credor dela.

Porém, os recursos que o Brasil tem destinado para comprar títulos de outros países (como os EUA) têm sido obtidos às custas de aumento da dívida interna, que paga os maiores juros do mundo, às custas do povo.
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