Sexta, 14 de julho de 2011
Da Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo, que representa o Wikileaks no Brasil
Tudo
começou com um telefonema mais do que inesperado e misterioso, em
novembro do ano passado; menos de duas semanas depois, o Brasil seria o
primeiro país a ter acesso aos documentos diplomáticos da embaixada
americana, além dos cinco jornais da Europa e dos EUA
Por Natalia Viana, da Pública
Só às vezes o meu celular pegava. Eu estava em um bangalô à beira do
Rio Tapajós, no Pará, onde ia morar por um mês para fazer uma
reportagem. O telefone, portanto, não tocou. Ouvi o recado horas depois.
Em inglês britânico: “Alô Natalia, aqui é a Hale, trabalhamos juntas em Londres. Agora estou com uma organização muito influente, queria te passar um trabalho…”
Era 14 de novembro de 2010, quinze dias antes do estrondoso lançamento dos 250 mil telegramas das embaixadas americanas pelo WikiLeaks, e no silêncio da floresta o convite soou longínquo, mal explicado. Decidi entrar em contato com meu ex-chefe, Gavin MacFadyen, diretor do Cento de Jornalismo Investigativo de Londres, onde trabalhara com a tal inglesa, para pedir mais detalhes.