Terça, 5 de julho de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Jornal Estado de São Paulo mostra que a Grécia perderá
completamente a sua soberania e será obrigada a privatizar massivamente
seu patrimônio público, para viabilizar o pagamento da dívida. Conforme
diz o jornal, “autoridades europeias deixaram claro que a
intervenção sobre a Grécia será total e que Atenas será tratada de forma
equivalente ao que a Alemanha Oriental passou quando o comunismo caiu e
a região integrou-se à Alemanha Ocidental há 20 anos.” Serão
vendidos 39 aeroportos, 850 portos, linhas férreas, estradas, sistemas
de esgoto, duas empresas de energia, bancos, milhares de hectares de
terras, cassino, a loteria nacional e até o estádio olímpico.
Segundo o presidente da zona do euro, Jean Claude Juncker, "A soberania grega será massivamente limitada", e “os
gregos devem se preparar para ver estrangeiros tomar decisões sobre o
futuro de sua economia, principalmente no programa de privatização que
tem como meta arrecadar 50 bilhões até 2015 com a venda de ativos e
empresas.” Ainda segundo Juncker, “especialistas estrangeiros serão enviados para Atenas para liderar a venda dos ativos do Estado”.
Neste processo, a grande imprensa não mostra a grande contradição das
autoridades financeiras mundiais: quando são os bancos que vão à
falência, imediatamente – e sem nenhum condicionamento – os bancos
centrais liberam trilhões a juros módicos para salvar o setor financeiro
privado, às custas da emissão de mais títulos da dívida pública, que
são adquiridos pelos próprios bancos que foram salvos. Ou seja: como num
passe de mágica, bancos falidos passam a ser credores do Estado.
Porém, quando é o estado grego que entra em dificuldades – devido à
especulação do mercado financeiro, que colocou os juros nas alturas,
empurrando a Grécia para fechar este “acordo” com o FMI e a União
Européia – é obrigada a vender todo o seu patrimônio, retirar direitos
dos trabalhadores, cortar gastos sociais e entregar sua soberania.
Mais uma vez, percebe-se nitidamente como a dívida pública é um instrumento de violação completa da soberania nacional.
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