Segunda, 29 de agosto de
2011
Por Ivan de Carvalho

Até porque não parece haver espaço para o PR no
lado governista, ressalvada, claro, a improvável hipótese de ocorrer uma
daquelas guinadas espetaculares, quase diria estupefacientes, a que às vezes
levam as articulações políticas.
Mas César Borges tem se mantido calado sobre o tema
da sucessão municipal, talvez para não criar dificuldades em nível nacional, mas
certamente para não embaraçar o deputado Maurício Trindade, que se coloca como
candidato da legenda à prefeitura e em nenhum momento foi desautorizado em sua
atitude. Há que dar tempo a César Borges, a Maurício Trindade e à legenda
deles.
Quanto aos outros três partidos citados, as declarações,
no fim de semana, de Geddel Vieira Lima, principal líder do PMDB na Bahia,
Antonio Imbassahy, presidente estadual do PSDB e José Carlos Aleluia,
presidente estadual do Democratas, deixam claro que há uma compreensão
consolidada de que para disputar a prefeitura com chances expressivas de
vitória as oposições precisam unir-se em torno de uma candidatura.
Não podem se dispersar no primeiro turno, na
presunção de que uma união na rápida campanha para o segundo turno seria
suficiente. “A necessidade é o nosso paradigma. É o que nos une”. A declaração
é do ex-deputado Aleluia, presidente DEM, e sintetiza a compreensão da
conjuntura política.
Esta conjuntura – e a história político-eleitoral
recente não deixa margem a dúvida – mostra que as oposições terão de enfrentar,
além das máquinas partidárias da base do governo estadual, três máquinas estatais
que têm a capacidade de exercer forte influência no curso da campanha. São,
evidentemente, as máquinas federal, estadual e municipal.
As oposições vão torcer para que a base do
governo não consiga apresentar-se unida para o primeiro turno e atualmente ela
não está unida. Haverá dificuldades para se chegar à unidade, pois vários
partidos da base acenam com candidaturas próprias e algumas delas buscam atender
a interesses de sobrevivência partidária, mas o governador Jaques Wagner e o PT
vão fazer (já estão fazendo) todo o esforço possível para que haja a unidade,
desde que em torno do candidato a prefeito do PT, pois desta condição o PT não
abre mão. Se a base governista se unir, seu candidato entrará muito forte na
campanha e, se encontrar uma oposição enfraquecida pela desunião, haverá
nocaute.
A compreensão deste quadro é que está levando as
oposições a avançarem na articulação da unidade em torno de um candidato, como
ressaltaram no fim de semana, além de Aleluia, Imbassahy e Geddel Vieira Lima.
Os três nomes disponíveis estão aí – ACM Neto, do Democratas, Imbassahy, do
PSDB e o radialista e ex-prefeito Mário Kertész, que não está filiado a nenhum
partido, mas que já integrou o PMDB e voltaria a esta legenda, se a opção de
unidade oposicionista for por lançá-lo candidato e pesquisas eleitorais
indicarem boa posição. Eventualmente, o deputado Maurício Trindade, do Partido
da República, poderia ser incluído na lista, para exame e articulações.
Não é fácil a escolha do nome. Se fosse, a
unidade já estaria consumada.
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Este artigo foi publicado originalmente na
Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.