Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Atenção! Senta! Deita! Rola! Morto!

Sexta, 26 de maio de 2011
Lideradas pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e por entidades representativas dos estudantes milhares de pessoas  tomaram ontem (25/8) as ruas das principais cidades do país no segundo dia de greve geral contra políticas neoliberais do governo. Ao final do dia foram registrados muitos confrontos entre manifestantes e policiais.

O presidente da Une (União Nacional dos Estudantes), entidade que se diz representante dos estudantes universitários brasileiros, esteve presente nas manifestações contra o governo. Também participaram do movimento os partidos políticos, especialmente os de esquerda.

As manifestações populares desta semana foram as mais fortes dos últimos 20 ou 30 anos no país, segundo opiniões de analistas.


Os organizadores da greve geral, que teve o apoio integral dos estudantes e de pais de alunos, reivindicam mudanças nos sistemas de aposentadoria, e também na saúde pública e impostos, exigindo ainda uma reforma constitucional. A série de manifestações teve início há três meses com as passeatas de milhares de estudantes e professores que pressionam o governo por uma reforma educacional.


Os estudantes querem mudança na educação, com maior investimento no setor e um ensino superior gratuito. Alguns estudantes, dentre os quais líderes de entidades estudantis, se encontram em greve de fome há mais de 30 dias, num esforço para sensibilizar o governo e a opinião pública para as mudanças necessárias na educação.


Se a greve geral dos trabalhadores e as manifestações dos estudantes foram tão fortes, por que nós brasileiros não tomamos conhecimento de toda a sua extensão? 


Por um simples detalhe. Triste detalhe. É que toda essa manifestação de trabalhadores, pais e estudantes, não acontece no Brasil. Está ocorrendo aqui perto, no Chile.


A CUT que não se deixou domesticar, que não permitiu ser adestrada, é a Central Única dos Trabalhadores do Chile. Os centros e grêmios acadêmicos que são inquietos, contestadores, não são os brasileiros, mas as agremiações estudantis desse país irmão da América do Sul.


O presidente da Une (União Nacional dos Estudantes) que está no Chilia é sim o brasileiro. A entidade é aquela que nas ruas contestou e enfrentou a ditadura no Brasil. Mas hoje o seu presidente encontra-se nas manifestações dos estudantes do Chile, enquanto que aqui no Brasil ele se cala contra as mazelas dos governos. Protesto, só contra governos de outros países. No Brasil? O partido que controla a Une não deixa. Mesmo que a nossa seja uma educação bem pior do que a do Chile. Temos uma educação em que o aluno sai oito anos depois de estudar e não consegue fazer uma simples regra de três. Mas também até os livros do MEC (Ministério da Educação) estão sendo publicados com erros grosseiros de matemática! O que esperar?

No Brasil as principais centrais sindicais foram domesticadas com os milhões de reais que o governo passou a distribuir para elas, com muitos de seus líderes agarrados nas tetas do Estado. Sindicatos inteiros foram cooptados pelo agrado dos governantes. Partidos de esquerda (há exceções, ainda bem) se confundem com a mais tradicional direita do país, e mais do que isso, passaram a apresentar as mesmas práticas deletéreas de seus antigos adversários.

Esta semana mesmo foi aprovado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 1992 de 2007, de iniciativa do Poder Executivo e que privatiza a previdência dos servidores públicos. Contra esse projeto, enviado em 2007 por Lula ao Congresso, não houve um pio das centrais de trabalhadores do Brasil, apesar de altamente prejudicial ao brasileiro, beneficiando apenas o sistema financeiro. CUT, Força Sindical, e outros penduricalhos dessas duas primeiras, nada falaram. Nem um pio. Caladas. Fingem-se de mortas para continuarem a ter as benesses do governo.

Enquanto no Chile a coisa está esquentando e a explosão cívica se espalha, no Brasil o governante trata as entidades sindicais e de estudantes como fazem os adestradores de cães:

- Senta!

- Deita!

- Rola!

- Morto!

E as centrais sindicais, os sindicatos e a Une, o que fazem? Sentam, deitam, rolam e se fingem de mortos para terem direito a uma raçãozinha como recompensa.