Sexta, 17 de fevereiro de 2012
Do "Estadão.com.br"
Em sua 1ª entrevista desde a redemocratização, general que deu golpe em 1976 diz que regime militar ‘cumpriu objetivos’ e agradece ajuda da Igreja
Ariel Palacios, correspondente / Buenos Aires
BUENOS AIRES - "A ditadura militar cumpriu seus
objetivos." Com estas palavras o general Jorge Rafael Videla justificou o
golpe militar do qual participou em 1976, dando início a um regime
militar de sete anos de duração, que deixou milhares de civis torturados
e mortos pela ditadura, além de centenas de milhares de exilados
políticos e econômicos.
Em entrevista à revista espanhola Cambio 16 - suas primeiras
declarações à imprensa desde o fim da ditadura, em 1983 - Videla, de 87
anos, que está preso há vários anos na Unidade 34 do Serviço
Penitenciário do quartel de Campo de Mayo por crimes contra a
humanidade, reconheceu a morte de 7 mil civis por parte da ditadura.
A declaração significa uma drástica mudança na posição de Videla, que
durante as últimas três décadas, nos diversos julgamentos aos quais foi
submetido, negou a existência de desaparecidos, de uma política
sistemática de campos de concentração e da eliminação física dos
críticos do regime.
Na entrevista, concedida à publicação madrilenha após oito meses de
negociações, Videla desconsiderou o número de 30 mil desaparecidos,
estatística defendida pelas organizações de direitos humanos desde 1983,
além de negar os 10 mil mortos oficiais registrados pela Comissão
Nacional de Desaparecidos (Conadep), dirigida nos anos 80 pelo escritor
Ernesto Sábato.
O ex-ditador, que cumpre duas penas perpétuas pelo assassinato de
civis, afirma que os julgamentos de ex-integrantes da ditadura - que
ocorreram desde a revogação das leis do perdão em 2004 no Parlamento e a
confirmação dessa medida pela Corte Suprema em 2007 - "não são justiça,
mas vingança" dos governos do ex-presidente Néstor Kirchner e da
presidente Cristina Kirchner. "Agora predomina o espírito de absoluta
revanche. Não existe justiça." Leia a íntegra no Estadão.com.br
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Comentário do Gama Livre: Já aqui no Brasil não existe uma viva alma que participou de assassinatos e tortura de resistentes à Ditadura implantada em 1º de abril de 1964 que tenha sido preso, nem mesmo processado e condenado. Mas no futebol somos melhores do que a Argentina, esse é o consolo. Que consolo!