Quarta, 19 de setembro de 2012
Cristovam Buarque considerou uma “irresponsabilidade” retirar dinheiro do fundo para usar em festas.
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Da Redação da Agência Senado
Os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Cristovam Buarque (PDT-DF)
e representantes do movimento cultural do Distrito Federal
manifestaram-se contra a proposta de utilizar recursos do Fundo de Apoio
a Cultura (FAC) para financiar festas de datas comemorativas.
A proposta do governo do Distrito Federal foi debatida durante
reunião interna realizada nesta terça-feira (18), na Comissão de
Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado.
Apoio à cultura
O FAC é o principal instrumento de fomento às atividades artísticas e
culturais da Secretaria de Cultura do DF, que oferece apoio financeiro a
fundo perdido para projetos selecionados por editais públicos. Sua
fonte de recursos consiste em 0,3% da receita corrente líquida do
governo do Distrito Federal. Para 2012, estão previstos R$ 44 milhões
para o fundo.
Cristovam Buarque considerou uma “irresponsabilidade” retirar dinheiro do fundo para usar em festas.
— Investindo em cultura, com um pouquinho de dinheiro, conseguimos
alcançar resultados fantásticos. É só estabelecer as prioridades certas –
alertou o senador.
Segundo Rodrigo Rollemberg, financiar esses eventos, que “são muito
caros”, representaria uma queda expressiva dos recursos do FAC. Para
ele, a luta deveria ser pela ampliação do apoio à cultura, não o
contrário, o que pode resultar o esvaziamento do fundo.
Rollemberg informou que está tentando marcar um encontro com o
governador Agnelo Queiroz (PT), juntamente com o movimento cultural, a
fim de mostrar a posição dos senadores para que essa proposta seja
revogada.
Descaso
Para o diretor-executivo do Núcleo de Arte e Cultura de Brasília
(NAC), Marbo Giannaccini, não se pode retirar a verba destinada a
promover e fomentar a cultura na capital para financiar festa. Ele
defende que recursos para festas devem estar previstos no orçamento do
GDF.
— Há um descaso geral com a cultura. Ela continua sendo a última prioridade do governo – critica Giannaccini.
O Coordenador do Fórum de Cultura do DF, maestro Rênio Quintas,
afirma que a proposta quebra o princípio estabelecido em lei. Conforme
disse, houve um aumento no valor destinado à cultura, que há três anos
não passava de R$ 3 milhões, e atualmente chega a R$ 44 milhões.
— O governo cresceu o olho, não no sentido de melhorar nosso
movimento. Estamos numa luta de “Davi contra Golias” – afirmou o
maestro.
A reunião contou com a presença do secretário-executivo da Rede das
Culturas Populares, Marcelo Manzatti; do presidente da Associação
Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV), André Carvalheira; do presidente
da Associação Brasiliense de Violão (Bravio), Alvaro Henrique; do
secretário-executivo da Fundação Brasileira de Teatro, Augusto Lacerda
Brandão e da representante da Associação Cultural Claudio Santoro,
Gisele Santoro.