Segunda, 1 de abril de 2013
Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Uma delegação internacional da Fundação Right Livelihood
chegou ontem (31) ao Brasil para cobrar esclarecimentos sobre o
assassinato de militantes sociais ligados principalmente à Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST).
A entidade sueca cita dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que
indicam que o número de ativistas ameaçados ou vítimas da violência
cresceu 177,6% de 2010 para 2011, passando de 125 para 347 casos no
período. A fundação menciona o assassinato de um dos líderes do MST, Cícero Guedes, em janeiro deste ano, como um dos crescentes ataques contra ativistas brasileiros envolvidos na luta pela reforma agrária.
A delegação é formada por dois ganhadores do chamado Prêmio Nobel
Alternativo (Right Livelihood Award), concedido desde 1980 pela
entidade, a inglesa Angie Zelter e o biólogo argentino Raúl Montenegro.
Também integra a comissão a ex-parlamentar sueca Marianne Andersson, que
faz parte do conselho diretivo da fundação.
Hoje (1º), o grupo deve visitar três assentamentos do MST, entre
eles o 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás, no Pará. Em nota, a
fundação avalia que a violação contra os movimentos sociais no estado é
“particularmente grave, com elevado índice de desmatamento e grande
número de casos de flagrantes de trabalho em condição semelhante à
escravidão e de ameaças a defensores dos direitos humanos”. Dos 29 casos
de ativistas rurais mortos em 2011, no país, em função de sua
militância, 12 ocorreram no estado, segundo levantamento da CPT.
Amanhã (2), a delegação participa de um debate público sobre a
impunidade em casos de violação aos direitos humanos. O evento ocorrerá
no campus de Marabá da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Ainda em Marabá, o grupo vai acompanhar, a partir de quarta-feira (3), o julgamento dos três acusados de matar o
casal de extrativistas paraenses José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria
do Espírito Santo da Silva. Os dois foram mortos a tiros em maio de
2011.
Criado para “honrar e apoiar aqueles que oferecem respostas práticas
e exemplares aos desafios mais urgentes” da população mundial, o
chamado Prêmio Nobel Alternativo já foi concedido pela Fundação Right
Livelihood a personalidades ou instituições brasileiras em cinco
ocasiões: à CPT em conjunto com o MST (1991), ao agrônomo e ecologista
José Lutzenberger (1988), ao teólogo Leonardo Boff (2001), ao ativista
Chico Whitaker Ferreira (2006), e ao bispo da Prelazia do Xingu e
presidente do Conselho Indigenista Missionário, Dom Erwin Kräutler
(2010). A cerimônia de entrega do prêmio ocorre anualmente, no
Parlamento da Suécia.