Do MPDFT
O Núcleo 
de Enfrentamento à Discriminação do Ministério Público do Distrito 
Federal e Territórios (MPDFT) obteve a condenação de um procurador 
federal pela prática de crime de racismo. O réu foi sentenciado a dois 
anos de prisão e ao pagamento de multa no valor de dez salários mínimos.
 A pena de prisão foi substituída por uma pena privativa de direitos e 
multa, também no valor de dez salários mínimos.
O crime aconteceu em 2007, quando o réu,
 que na época era candidato a concurso público, postou em um fórum de 
discussões na internet: "Apesar de ser anti-semita, endosso a opinião do
 MOSSAD; [...] Na verdade, não sou apenas anti-semita. Sou Skinhead. 
Odeio judeus, negros e, principalmente, nordestinos; [...] Não, não. 
Falo sério mesmo. Odeio a gentalha a qual me referi. O ARGÜI deve 
pertencer a um desses grupos que formam a escória da sociedade".
O inquérito foi instaurado por 
requisição do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação e, durante as 
investigações, foram realizadas quebras de dados de internet que 
permitiram a identificação do autor do texto. Em sua defesa, o réu 
declarou que a postagem era "apenas uma brincadeira", mas o Ministério 
Público argumentou que brincadeiras com conotação discriminatória tão 
grave são intoleráveis.
Na sentença, o juiz de direito 
substituto da 3ª Vara Criminal de Brasília afirmou: "Diferentemente do 
que o réu, procurador federal, sustentou, não é infame proclamar que 
ninguém tem o direito de propagar publicamente a 'opinião' de que odeia 
'judeus, negros e nordestinos', e de que essa 'gentalha' compõe 'grupos 
que formam a escória da sociedade'. Propagar por meio de comunicação 
social esse tipo de 'opinião' configura, sim, o crime de racismo objeto 
do art. 20, § 2o, da Lei n. 7.716/1989".
Para o promotor de Justiça Coordenador 
do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação, Thiago Pierobom, essa 
decisão é muito importante por alertar para as consequências criminais 
de postagens em redes sociais. "Não é aceitável que se tolerem 
expressões graves de discriminação e depois se tente justificá-las como 
atos de brincadeira. Não se brinca de racismo. É necessário criar um 
cordão sanitário contra todas as formas de discriminação", afirmou.
 
 
 
