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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Jovens protestam em audiência de julgamento e são repreendidos pelo juiz

Segunda, 12 de janeiro de 2015
Vladimir Platonow * - Repórter da Agência Brasil
Um protesto de jovens, durante audiência de julgamento, no Rio de Janeiro, sobre os 23 ativistas que respondem a processo por associação criminosa, decorrente das manifestações iniciadas em junho de 2013 e, principalmente, contra a Copa do Mundo no ano passado, foi repreendido pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal da Capital, que preside o caso.

Durante a audiência, os réus Leonardo Fortine, Rafael de Barros Caruso, Shirlene Feitosa, Rebeca Martins, Igor D'Ycarahy e Felipe Proença fizeram uma saudação em pé, com os punhos cerrados, gritando “não passarão”, assim que outros réus, Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza, que estão presos, chegaram à sala de audiências.


O juiz Itabaiana anunciou que irá remeter ao Ministério Público pedido para que respondam pelo crime de desacato. As rés Elisa Quadros Pinto Sanzi (Sininho) e Karlayne Morais Pinheiro (Moa), que tiveram as prisões pedidas, por participaram de um ato pacífico na Cinelândia, estão foragidas.

Foram ouvidos o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, e o inspetor Ulysses Pourchet, que chefiou a equipe responsável pelas interceptações telefônicas feitas pelos réus. Outras 17 testemunhas de defesa foram arroladas para depor.
O delegado sustentou que a convocação dos réus para as manifestações eram organizadas nas redes sociais e negou ingerência política do governo do estado durante as investigações. O inspetor Pourchet citou a professora universitária Camila Jourdan, uma das rés, como dona da casa que servia de ponto de encontro e oficina para a confecção de artefatos para serem usados nas manifestações.
 
O advogado Marino D'Icarahy, que defende 11 dos acusados, classificou de farsa o processo montado contra os jovens. “Pouco a pouco está sendo desmontada esta farsa. Nossa principal tese é que isto é uma farsa. E já deu para ter uma ideia da fragilidade do que eles montaram aqui. Há uma clara manipulação da informação policial”, disse ele. A representante do Ministério Público não quis conversar com a reportagem.
 
*Colaborou Nanna Pôssa, repórter das rádios EBC