Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 2 de março de 2016

A responsabilidade da CUT na atual situação

Quarta, 2 de março de 2016
Da cutindependentedeluta.wordpress.com
Em primeiro lugar, está a defesa dos trabalhadores e da nação

A CUT jogou papel central na luta da classe trabalhadora e da maioria do povo brasileiro ao longo de 2015. Ela se constitui no eixo em torno do qual se agruparam entidades sindicais e populares, movimentos, personalidades e setores partidários contra a ofensiva golpista da direita e na cobrança ao governo Dilma de respeito ao conteúdo do mandato popular que recebeu de avançar nas reformas democráticas e populares pendentes em nosso país.

E só pode cumprir esse papel porque preservou, através da discussão democrática em suas instâncias, sua independência diante do governo (que ajudou a reeleger) e sua autonomia diante dos partidos políticos (inclusive o da maioria de seus dirigentes, o PT).
Agora novos desafios estão colocados.

O primeiro deles é o de rechaçar a proposta regressiva de reforma da Previdência que o governo Dilma pretende enviar ao Congresso em 60 dias.

Não é possível qualquer consenso no Fórum de Debates criado pelo governo sobre emprego, salário e Previdência, com base no aumento da idade mínima de aposentadorias e igualá-la para homens e mulheres. A privatização do patrimônio público para fazer “caixa” tampouco é aceitável ou negociável. Está certa a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU, filiada à CUT) em exigir a anulação do processo de entrega de empresas de distribuição de energia para o setor privado, bem como o combate da FUP (petroleiros) ao projeto de lei de Serra que visa entregar o Pré-sal diretamente às multinacionais.

No Congresso nacional se preparam pratos amargos para os trabalhadores, que exigem uma ação nacional liderada pela CUT para barrá-los: o PL 555, de novo estatuto das estatais que abre a porteira para privatizá-las todas; a volta da ameaça da terceirização ilimitada (PLS 30) agora no Senado, dentre eles.
bandeirao cut
Fazer do 31 de março uma grande jornada de luta

Essas grandes questões que dizem respeito ao conjunto da classe trabalhadora se combinam com o combate cotidiano em defesa do emprego, diante das demissões, e dos direitos atacados pelos patrões a pretexto da crise econômica. Está na ordem do dia a luta pela redução da jornada de trabalho SEM redução de salários, pois propostas como as do PPE apenas adiam novas demissões. É preciso mudar radicalmente a atual política econômica de juros altos e recessão.

Por tudo isso a CUT deve mobilizar suas bases nacionalmente para uma grande jornada de luta em 31 de março, incentivando os sindicatos a realizarem assembleias, as CUTs estaduais a fazerem plenárias de mobilização envolvendo os movimentos populares parceiros e todos os setores dispostos a sair às ruas, a ir a Brasília em torno de uma plataforma de reivindicações urgentes para defender os interesses dos trabalhadores e da nação.
Os grandes eixos acordados com as entidades que compõem as frentes na qual a CUT participa, como a Frente Brasil Popular, permitem essa ampla mobilização: Contra a reforma da Previdência; Não ao ajuste fiscal e os cortes nos gastos sociais; Em defesa do emprego e dos direitos dos trabalhadores; Fora Cunha; Contra o impeachment.

Eixos que devem ser desdobrados nas reivindicações concretas dos distintos setores da classe trabalhadora, para favorecer a mais ampla participação na jornada de 31 de março. É a luta que pode desbloquear a situação de crise em favor dos interesses da maioria da nação!

Julio Turra – membro da Executiva Nacional da CUT

*texto originalmente publicado em: Jornal O Trabalho ed. 780. http://www.otrabalho.org.br