Segunda, 13 de junho de 2016
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
O
Ministério da Educação (MEC) divulga hoje (13) o resultado da primeira
chamada do Programa Universidade para Todos (ProUni). Os estudantes
pré-selecionados têm de hoje ao dia 20 para apresentar nas instituições
de ensino os documentos que comprovem as informações prestadas na hora
da inscrição.
O resultado será divulgado na página do ProUni.
Cabe ao candidato verificar, na instituição, os horários e o local de
comparecimento para a aferição das informações. A perda do prazo ou a
não comprovação das informações implicará, automaticamente, a
reprovação.
A lista dos documentos necessários está disponível na internet. O estudante é selecionado quando a documentação é aprovada.
O
ProUni seleciona estudantes para receber bolsas de estudo em
instituições particulades de ensino superior com base na nota do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). Serão ofertadas, no segundo semestre
deste ano, 125.442 bolsas - 57.092 integrais e 68.350 parciais, de 50% -
em 22.967 cursos de 901 instituições de ensino superior.
O
resultado da segunda chamada será divulgado no dia 27. Aqueles que não
forem selecionados podem ainda participar da lista de espera, de 8 a 11
de julho.
O programa é dirigido tanto aos estudantes egressos do
ensino médio na rede pública, quanto àqueles que tenham vindo da rede
particular na condição de bolsistas integrais. Podem concorrer a bolsas
integrais os estudantes que comprovem renda familiar bruta mensal, por
pessoa, de até um salário mínimo e meio. Às bolsas parciais, podem
concorrer aqueles com renda familiar per capita máxima de três salários mínimos.
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Estudantes que participam de ocupações querem mais espaço nas decisões
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Uma
escola mais plural, com melhor infraestrutura, professores qualificados
e maior participação nas decisões são algumas das respostas dadas por
estudantes que participaram de ocupações de escolas em vários estados do
país à pergunta de que escola desejam. Nesta semana, um grupo de
estudantes do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, de São Paulo, do Rio de
Janeiro, de Goiás e do Ceará foram a Brasília, a convite da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, chamar a atenção do Congresso Nacional
e do governo federal para o movimento dos secundaristas e pedir
melhorias no setor.
“As ocupações deixaram claro que o que a
gente quer é uma escola que debata gênero, uma escola mais plural. E
onde seja importante o cuidado com o ambiente escolar. Hoje não há
dinheiro para as escolas, se quer reformar um banheiro, não tem
dinheiro”, diz Luiz Felipe Costa, 19 anos, estudante do Instituto
Federal do Espírito Santo. “Se formos fazer uma média, vamos achar que
90% das escolas públicas são modelos de prisão grande, com dois, três
portões para chegar à sala de aula. Esse ambiente não nos comporta. A
escola hoje, infelizmente, não contempla os estudantes”.
As
ocupações, que até o ano passado eram inéditas no Brasil, mas já
conhecidas de países vizinhos, como o Chile - em 2006, na chamada
Revolução dos Pinguins, contou com a adesão de mais de 600 mil
estudantes - ganharam força como estratégia dos estudantes
secundaristas. Começaram em São Paulo, contra o processo de
reorganização proposto pelo governo do estado, ocorreram em Goiás,
contra a proposta do governo estadual de terceirização da admnistração
das escolas a organizações sociais (OSs), e no Espírito Santo, contra a
reorganização do ensino.
Ocorrem
ainda no Rio Grande do Sul, onde os estudantes pedem melhor
infraestrutura, em Mato Grosso, contra a proposta de parcerias
público-privadas (PPPs) nas escolas, além do Rio de Janeiro e Ceará,
onde os estudantes apoiam os professores e pedem melhores condições de
ensino.
"Os alunos estão indignados, querem reivindicar. As
escolas estão sem reforma, há escola que nem banheiro tem, há diretor
que está alugando banheiro por R$ 4 mil por mês. Tudo isso prejudica o
aprendizado", diz Daniel Vítor Pereira de Abreu, 21 anos, diretor
regional da União Nacional dos Estudantes, que participa das ocupações
em Mato Grosso. Ele conversou com a Agência Brasil por telefone. No estado, de acordo com os estudantes, são 24 escolas ocupadas.
Aprendizado
Os
estudantes relatam que aprenderam muito participando das ocupações. Em
todos os estados, a programação incluía aulas públicas, limpeza da
escola, debates e eventos culturais. “A ocupação transformou os
estudantes. Aquela gurizada que não queria nada com nada, agora é que
está sentada com professores tirando dúvidas, está limpando o banheiro,
fazendo a janta”, relata Júllia Carolina da Silva Ferreira, 18 anos,
estudante da Escola Estadual Professor Apolinário Alves dos Santos, a
primeira ocupada em Caxias do Sul (RS).
Ela conta que estudantes
que tinham pichado a escola, agora estavam limpando as paredes.
“Estudantes que fizeram grafite nas paredes, estavam limpando e dizendo
que não fariam isso nunca mais porque viram o quanto é difícil limpar. A
escola foi ocupada e quando for desocupada, vai ser totalmente
diferente”, diz Júlia.
“Na ocupação, eu me impressionei, os
alunos tinham voz”, relata o estudante Lincoln Oliver, de 18 anos, que
participou da ocupação do Colégio Estadual Heitor Lira, no Rio de
Janeiro. “Eu aprendi muito de direito, política, filosofia, sociologia,
aprendi tanta coisa, a ter uma visão maior do que é o país, a sociedade,
o governo. Eu acho que a educação é o básico e deve ser o meio pelo
qual qualquer tipo de pessoa tenha uma formação adequada e infelizmente
não é o que acontece hoje”.