Domingo, 6 de novembro de 2016
Flávia Villela - da Agência Brasil
Uma técnica cirúrgica pós-bariátrica desenvolvida no Sistema
Único de Saúde (SUS) mostrou-se eficaz na redução do tempo de plástica
reparadora para pacientes submetidos à redução de estômago.
Com o
novo método, o procedimento cirúrgico que costuma levar de oito a dez
horas pode ser feito em até quatro horas. A recuperação pós-cirúrgica,
que demorava dois meses, também pode ser reduzida para 10 a 15 dias.
Além disso, o risco cirúrgico é menor e complicações que exigiam
transfusões foram reduzidas quase a zero.
A nova técnica foi
desenvolvida no Hospital Federal do Andaraí, na zona norte do Rio de
Janeiro, pelo chefe do serviço de cirurgia plástica, Carlos Del Piño
Roxo, e sua equipe. O estudo foi tema do Congresso Mundial da Sociedade
Internacional de Cirurgia Plástica, em Quioto, no Japão, na última
semana.
Segundo Roxo, uma das grandes diferenças da técnica é a
previsão de todo o corte para as quatro cirurgias simultâneas que
ocorrem, delimitando estritamente o tecido que está sobrando no corpo
dos pacientes, sem danificá-lo, como ocorre na cirurgia pós-bariátrica
tradicional.
“A cirurgia pós-bariátrica melhora a qualidade da
vida das pessoas, é considerada uma cirurgia reparadora. A vantagem de
nossa técnica é que podemos realizar várias cirurgias na mesma pessoa ao
mesmo tempo, o que facilita a recuperação, diminui o custo para o SUS e
reduz consideravelmente a fila, uma vez que esses pacientes necessitam
de diversas cirurgias”, explicou o médico.
Na técnica
tradicional, os médicos puxam tecidos durante a cirurgia, sem a
delimitação planejada, o que leva a falhas, como os lados do abdômen
ficarem desproporcionais, por exemplo.
Mudança
A
servidora pública Alessandra de Mello Morelli, 34 anos, precisou pagar
para fazer uma cirurgia bariátrica de urgência três anos atrás e há seis
meses passou pela cirurgia reparadora no SUS com a nova tecnologia.
“Estou
totalmente recuperada. Usava cinta dia e noite, fazia roupa para me
vestir. De seis meses para cá que passei a usar roupa normal. A mudança
de vida foi gigantesca. Nasci de novo praticamente. E se não fosse pelo
SUS estaria até agora sem fazer a reparadora.”
Desde 2000, o
Hospital Federal do Andaraí realiza cirurgias pós-bariátricas pelo SUS e
mais de 670 pacientes já foram submetidos à nova técnica cirúrgica. Por
ano, são feitas 50 cirurgias desse tipo na unidade.