Segunda, 26 de agosto de 2019
A Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) emitiu nota sobre a situação em que classifica de “absurdos
incêndios” e outras criminosas depredações em curso na Amazônia. Estas
atitudes, segundo o documento, requerem posicionamentos adequados. “É urgente
que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas
sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta –
a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas”, diz a
nota.
No documento, a CNBB ressalta que
Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro
próximo, no cumprimento de sua tarefa missionária e da evangelização, é sinal
de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a vida, a
partir do respeito ao meio ambiente.
Confira, abaixo, a íntegra o
documento:
Nota da CNBB
O povo brasileiro, seus
representantes e servidores têm a maior responsabilidade na defesa e
preservação de toda a região amazônica. O Brasil possui significativa extensão
desse precioso território, com o rico tesouro de sua fauna, flora e recursos
hidrominerais. Os absurdos incêndios e outras criminosas depredações requerem,
agora, posicionamentos adequados e providências urgentes. O meio ambiente
precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral, em sintonia com o
ensinamento do Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Laudato Si’, sobre o
cuidado com a casa comum.
“Levante a voz pela Amazônia” é um
movimento, agora, indispensável, em contraposição aos entendimentos e escolhas
equivocados. A gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações
irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e
planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos,
se levante a voz.
É hora de falar, escolher e agir
com equilíbrio e responsabilidade, para que todos assumam a nobre missão de
proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os
indígenas, de quem somos irmãos. Sem assumir esse compromisso, todos sofrerão
com perdas irreparáveis.
O Sínodo dos bispos sobre a
Amazônia, em outubro próximo, em sintonia amorosa e profética com a convocação
do Papa Francisco, no cumprimento da tarefa missionária e da evangelização, é
sinal de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a
vida, a partir do respeito ao meio ambiente.
“Levante a voz” para esclarecer,
indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e
equivocada intervenção humana, em que predominam a “cultura do descarte” e a
mentalidade extrativista. A Amazônia é uma região de rica biodiversidade,
multiétnica, multicultural e multirreligiosa, espelho de toda a humanidade que,
em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos,
Estados e da Igreja.
É urgente que os governos dos
países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar
uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é
hora de desvarios e descalabros em juízos e falas. “Levante a voz” na voz
profética do Papa Francisco ao pedir, a todos os que ocupam posições de
responsabilidade no campo econômico, político e social: “Sejamos guardiões da
criação”.
Vamos construir juntos uma nova
ordem social e política, à luz dos valores do Evangelho de Jesus, para o bem da
humanidade, da Panamazônia, da sociedade brasileira, particularmente dos pobres
desta terra. É indispensável para promovermos e preservarmos a vida na Amazônia
e em todos os outros lugares do Brasil. Em diálogos e entendimentos lúcidos,
que se “levante a voz”!
Brasília-DF, 23 de agosto de 2019
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de S. Sebastião do
Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB
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Veja também, abaixo, a
íntegra da nota em vídeo gravado pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG) e
presidente da CNBB, dom Walmor de Oliveira Azevedo: