Domingo, 15 de setembro de 2019
Por
Vicente Vecci*
Feliz é aquele que não se locupleta com o dinheiro público, pois não terá que acertar contas com o Altíssimo. É com Ele mesmo, uma vez que se depender da nossa Justiça, às vezes permanecem as impunidades. Veja o que aconteceu com o José Genoíno e os outros mensaleiros e está havendo a mesma situação para alguns envolvidos no petrolão.
Está ficando claro que no Congresso Nacional pode estar localizado um arquipélago de manipuladores de atos que levam à corrupção. Vejam o que está acontecendo com o Fundo Partidário PL 5.029/2019 que altera regras eleitorais cuja votação no Senado dia 11 passado que foi cancelada e voltará à pauta depois de análise da CCJ, de acordo com as lideranças partidárias.
Entre outros itens, autoriza o retorno da propaganda partidária semestral e deixa brecha para que seja aumentado montante do chamado Fundo Eleitoral, que financia campanhas políticas. É aí que poderão estar possíveis evidências de rombos do dinheiro público, como ocorreu nas eleições do final de 2017, onde foi notório a utilização de recursos desse Fundo para beneficiar candidatos sem expressividade, entre outros do próprio partido do atual presidente da República, que se utilizaram de cabos eleitorais como laranjas e também aumento de patrimônio de titulares de partidos nanicos , entre outros o do Pros.
Roubar dinheiro público é pior que nos assaltar em nossos próprios lares. Quando se furta dinheiro público o dano é muito maior e atinge nós todos que carecemos de assistência à saúde, educação, segurança, empregos, etc. Quem faz uso do dinheiro público em proveito próprio está abaixo dos marginais das esquinas e dos traficantes de drogas.
E vendo permanecer essas manobras legislativas e também a impunidade, está sendo despertada a Serpente da Revolta em nossa sociedade.
Locupletar-se com dinheiro público não é somente fazer uso da corrupção. É também aumentar o próprio salário e amealhar outras vantagens como tem feito o Legislativo e o Judiciário. Vem a ser um acinte e um desrespeito com o cidadão brasileiro, principalmente com aqueles que recebem mensalmente um salário mínimo. É um acinte também com a nossa classe empresarial que trabalha e gera empregos, distribuição de rendas, pagando elevadíssimos impostos para sustentação desses supersalários. Apesar de algumas empresas serem obrigadas a pagar propina a agentes públicos para conseguir serviços como tem demonstrado a operação Lava Jato, eficientemente levada a efeitos pela Polícia Federal.
Esse acinte é extensivo também para determinados órgãos de imprensa que não sobrevivem sem recursos do erário, numa venalidade a favor de quem está no poder, e ainda se rotulam de paladinos da liberdade.
Existe remuneração no Judiciário e até mesmo no Ministério Público que passam com os acumulados mais de 40 mil reais mensalmente. Valor muito superior ao lucro mensal de uma empresa que gera até 30 ou mais empregos.
É aonde motiva a denominação pejorativa de nossos país de Belíndia. Padrão de vida para poucos igual ao da Bélgica e de miséria para muitos, igual ao da Índia. Os recursos públicos que remuneram esses supersalários, fazem falta para atender à nossa população de baixa renda com melhores hospitais, escolas, saneamento básico, moradias, transportes, segurança, etc. Daí a necessidade de rever essa exagerada concentração de renda às custa do erário e diminuir essa vantagem pecuniária.
Seria mais ético se partisse dos próprios beneficiados, numa autocrítica em favor do bem comum e aproveitem, façam valer o rigor da lei contra a corrupção. Na china e em alguns países, a corrupção é punida com a pena de morte, independente do status quo do corrupto.
Mas se a situação continuar como está, com certeza o distanciamento dessa classe com a população tende aumentar e a repercussão está atiçando a Serpente da Revolta, trazendo insegurança pública para eles e para nós.
N.A. – O termo Serpente da Revolta é título de um épico artigo de autoria do jornalista Fábio Nasser- in memoriam-, um dos fundadores do Diário da Manhã (www.dmdigital.com.br)
*Vicente Vecci é jornalista profissional, idealizador do parque ecológico da Ponte Alta do Gama-DF que veio proteger uma biodiversidade de 298 hectares. Ajudou a criar e implantar os parques das Asas Norte e Sul, no plano piloto de Brasília. É titular da Defesa Ambiental-Ecodefesa (www.ecodefesa@gmail.com)