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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Roberto Dias é preso por perjúrio e falso testemunho durante depoimento na CPI da Covid

Quarta, 7 de julho de 2021

Segundo Omar Aziz, relação entre Roberto Dias e Elcio Franco não era amistosa - Edilson Rodrigues/Agência Senado

O presidente da CPI, deputado Omar Aziz (PSD-AM), decretou a primeira prisão da CPI durante depoimento nesta quarta (7)

Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 07 de Julho de 2021 às 19:26

Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde teve a prisão decretada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) após depoimento na CPI da Covid nesta terça-feira (7).

"Ele está preso por mentir, por perjúrio. E se eu tiver tendo abuso de autoridade, que advogada dele ou qualquer outro senador me processo, mas ele vai estar detido agora pelo Brasil, porque nós estamos aqui agora pelo Brasil, pelos que morreram", afirmou Aziz, que preside a CPI, para em seguida encerrar a sessão.

A decisão gerou protestos do depoente e de sua defesa. O presidente da Comissão informou que a determinação é baseada em documentação já em posse da CPI, inclusive áudios, que contradizem afirmações de Ferreira Dias à Comissão. 

A prisão foi apoiada por Fabiano Contarato (Rede-ES), Rogério Carvalho (PT-SE) e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL). Após pedido de prisão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reproduziu áudios de Dominghetti que, segundo Aziz, comprovariam que Roberto Dias teria mentido à CPI ao dizer que o encontro com o atravessador da Davati em um restaurante de Brasília teria sido acidental.

"Tem coisas que não dá pra admitir, os áudios que temos do Dominghetti são claros. O sr. fez um juramento, e o sr. está detido pela presidência da CPI. Morre gente todo dia, o sr. é vítima de uma acusação muito séria e não colabora", disse Aziz.

Denúncias de corrupção

Na posição de diretor de Logística do Ministério da Saúde, Dias teria cobrado uma propina US$ 1 por dose de vacina ao cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luiz Dominguetti, durante a negociação de 400 milhões de unidades do imunizante produzido pelo laboratório britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford.

O depoente chegou a dizer aos senadores que o encontro com o PM vendedor de vacinas foi acidental e negou ter negociado a compra de imunizantes em nome do Ministério da Saúde. As afirmações foram mantidas mesmo com o alerta de parlamentares de que há provas que contestam a narrativa do ex-servidor.

Dias foi indicado ao cargo na Saúde pelo líder do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O parlamentar está no centro da denúncia do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), sobre um suposto esquema de fraude na negociação para a compra de 20 milhões de doses do imunizante Covaxin.

A negociação estava sendo realizada entre o Ministério da Saúde e a empresa brasileira Precisa Medicamentos, que seria a responsável pela venda da vacina no Brasil, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

Edição: Leandro Melito