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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Estudo alerta para altos níveis de depressão entre trabalhadores de saúde da América Latina

Segunda, 17 de janeiro de 2022
Unsplash/Dmitry Schemelev —Saúde mental dos profissionais de saúde da América Latina foi afetada de forma muito negativa após a pandemia.

ONU News
17 janeiro 2022

Pesquisa liderada pela Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, revela que muitos desses profissionais têm pensamentos suicidas; pandemia está por trás da situação; avaliação envolveu médicos e enfermeiros em 11 países da região. 

A pandemia de Covid-19 tem contribuído para índices elevados de depressão entre profissionais de saúde da América Latina. Uma pesquisa liderada pela Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, mostra que os níveis de stress psicológico e até mesmo de pensamentos suicidas também estão altos. 
O estudo foi feito em parceria com a Universidade do Chile e a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Entre 14,7% e 22% dos profissionais de saúde entrevistados apresentaram sintomas de depressão e até 15% confirmaram já ter tido pensamentos suicidas. 

Especialistas do Brasil 

OIM/Nate Webb —Com a pressão da pandemia, muitos profissionais tiveram a saúde mental abalada, chegando até mesmo a pedirem demissão.

Segundo a Opas, em alguns países, o atendimento psicológico só estava ao alcance de apenas um terço dos profissionais que precisavam do serviço. O diretor de Departamento de Saúde Mental da Opas declarou que “a pandemia aumentou o peso sobre os profissionais de saúde” devido às horas de trabalho ainda mais exaustivas e dilemas éticos que tiveram um impacto na saúde mental. 

Anselm Hennis lembrou que a pandemia ainda não acabou e por isso, “é essencial cuidar daqueles que cuidam de nós”. 

Foram entrevistados mais de 14,5 mil médicos, enfermeiros e outros trabalhadores de saúde na Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Peru, Porto Rico, Venezuela e Uruguai. 

A Opas lista vários fatores que afetaram a saúde mental dos profissionais: necessidade de receber apoio emocional e financeiro, receio de infecção de familiares, conflitos com parentes de infectados e pessoas sob cuidados médicos e mudanças regulares nos turnos de trabalho. 

Políticas específicas 

Ocha/Giles Clarke —Opas está oferecendo curso online gratuito.

Por outro lado, a confiança em que as instituições de saúde e os governos poderiam lidar com a pandemia, ter o apoio dos colegas de profissão e ter uma conexão religiosa ou espiritual foram apontados como fatores que ajudaram a proteger a saúde mental. 

Um dos principais autores do estudo, o pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, Rubén Alvarado, declarou que “a pandemia aumentou o stress, a ansiedade e a depressão entre profissionais de saúde, revelando que os países não têm políticas específicas para proteger a saúde mental do grupo”. 

Por isso, o estudo destaca ser urgente desenvolver esse tipo de política e de ações, garantindo ainda um ambiente de trabalho com condições adequadas, salários decentes e condições contratuais estáveis. 
Curso online gratuito 

O epidemiologista da Universidade de Columbia e também autor do estudo, Ezra Susser, destaca que dois anos depois da pandemia, muitos profissionais não estão tendo o apoio necessário. Ele teme que muitos desenvolvam doenças mentais nos próximos anos. 

Para promover estilos de vida saudáveis entre profissionais de saúde, a Opas acaba de lançar um curso online gratuito sobre autocuidado. A capacitação ajuda a avaliar o stress relacionado ao trabalho, identificar riscos e sinais de saúde mental desequilibrada.