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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Consciência Negra foi parar no banco dos réus

Sexta, 7 de janeiro de 2022

Vice-diretora do CEF 1 da Estrutural – escola que foi militarizada pela programa implantado pelo governador Ibaneis Rocha, e pelo então secretário de Educação, Rafael Parente -, a professora Luciana Martins, não quis comentar a iniciativa da entidade representativa dos oficiais da PM. “Não tenho nem palavras para comentar essa afronta à ação pedagógica – disse ela.

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

Chico Sant’Anna

Foi parar na justiça o caso dos cartazes alusivos ao Dia da Consciência Negra feitos por alunos do Centro de Ensino Fundamental nº 1, uma escola pública da Cidade Estrutural. A Associação dos Oficiais da Polícia Militar do DF (ASOF–DF) ingressou com ação na Vara da Fazenda Pública contra o governo do Distrito Federal, pedindo uma reparação da imagem da corporação por danos morais no valor de R$ 50 mil. A escola é uma das primeiras que teve a gestão militarizada pelo governo de Ibaneis Rocha.

A programação organizada pela escola para o dia 20 de Novembro foi variada. Incluiu a produção de ilustrações – tirinhas, cartazes e painéis – representando o dia da Consciência Negra – material que foi exposto em murais espalhados pela escola. Além dos cartazes, a programação incluiu rodas de capoeira, oficinas de penteados afros, painéis fotográficos com fotos dos próprios estudantes negros, homenagens a Zumbi dos Palmares, enfim, atividades que combatessem a discriminação racial e defendessem a igualdade de direitos.

Não é assim que a associação dos oficiais da PM entendeu. Ela afirma que a programação resultou numa “mensagem preconceituosa contra a corporação”. “Vários dos painéis expostos em toda a escola traziam a ilustração de policiais militares abordando pessoas negras, de forma flagrantemente autoritária, coercitiva e punitiva, evidenciando uma imagem distorcida e preconceituosa do trabalho realizado pela polícia, muito diferente do cenário preconceituoso representado naqueles desenhos. […] chamou especial atenção e gera irremediável irresignação e repúdio a ilustração inequívoca de um policial militar fardado, onde, junto à sigla “PM” desenhou-se o símbolo da suástica, representativa do Nazismo Alemão” – descreve a ação que corre na 7º Vara da Fazenda Pública.