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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Letalidade policial —Sob Tarcísio, polícia de SP matou quase 60% mais adolescentes do que gestão anterior

Segunda, 18 de novembro de 2024

Em 2023, 38 menores de 18 anos foram mortos de acordo com levantamento encomendado pelo Uol

Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 18 de novembro de 2024

Gestão de Tarcísio de Freitas (à direita) no governo de SP, com Guilherme Derrite (à esquerda) na pasta da segurança, é marcada por aumento da letalidade policial - Divulgação/ Alesp

Desde que tomou posse, sob o comando de Tarcísio de Freitas (Republicanos), as polícias Civil e Militar de São Paulo mataram pelo menos 69 menores de 18 anos, o que equivale a um adolescente assassinado a cada nove dias. O levantamento é do Instituto Sou da Paz, encomendado pelo Uol.

Só no ano passado, foram 38 mortos. De janeiro a setembro deste ano, 31 óbitos. Os números indicam uma tendência de aumento no número de jovens mortos pelas polícias do estado. Do último ano do então governador Rodrigo Garcia, 2022, para o primeiro ano de Tarcísio, 2023, houve um crescimento de 58,3% no número de adolescentes mortos. Naquele ano da gestão do tucano, 24 menores de 18 anos foram mortos em ação policial.

A maioria dos mortos em 2024 tem 17 anos (12 vítimas), seguidos pelos jovens com 16 anos (11 casos), 15 (5 casos) e 14 anos (3 casos). No recorte de cor, entre as vítimas do estado paulista, 68% são negras, sendo 58% de pardos e 10% de pretos — o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica pardos e pretos como negros —, e 32% são brancos.

Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, afirma que “os jovens negros, moradores de periferia, que evadiram da escola e saíram de medidas socioeducativas formam o grupo com maior chance de morrer”.

O coordenador também defende que os policiais de São Paulo se sentem legitimados a praticar violência contra a população. "Desde o governador, passando pelo secretário de Segurança [Guilherme Derrite], o comando da PM, todos eles incentivam a letalidade policial, o confronto", disse ao Uol.

Recentemente, Derrite defendeu os policiais, cuja ação culminou na morte de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, em Santos, no litoral de São Paulo. Ryan foi morto no dia 5 de novembro. "Isso só aconteceu infelizmente porque os policiais foram agredidos a tiros. Não era uma operação que estava acontecendo, tem que contextualizar isso", disse o secretário no dia seguinte.

A criança estava brincando em frente à casa de uma prima quando foi atingido por uma bala no abdômen, que segundo o próprio porta-voz da PM "provavelmente partiu de um policial militar". Dois jovens, de 15 e 17 anos, também foram baleados. O mais velho morreu, e o outro chegou a ser internado, mas já foi liberado.

Edição: Nathallia Fonseca