Sexta, 15 de agosto de 2014
Primeira prestação de contas mostra doações milionárias de grandes empresas às principais candidaturas
|
A primeira prestação de contas no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) mostra o que todos já sabiam. Nessas eleições de cartas marcadas,
as grandes empresas e empreiteiras é que comandam o jogo. Foram doados
até agora R$ 170 milhões para a campanha eleitoral. Dos 20 maiores
doadores, 10 são empreiteiras.
Só para a campanha à presidência, os principais partidos esperam
gastar quase R$ 1 bilhão. Até agora, já foram doados R$ 31,2 milhões às
principais candidaturas. PT, PSDB e PSB foram os destinos de 94% desses
recursos. Aécio Neves recebeu R$ 11 milhões enquanto a campanha de Dilma
já embolsou pouco mais de R$ 10 milhões. Mais de 90% dos recursos
doados às campanhas veio de empreiteiras.
Até o momento, destacam-se três grandes empresas responsáveis por
mais da metade das doações eleitorais para presidente. A JBS (da marca
Friboi), a Ambev e a empreiteira OAS respondem juntas por 65% das
doações. Só a dona da marca Friboi deu R$ 5 milhões para Dilma e outros
R$ 5 milhões para Aécio Neves. "Nossas doações seguem as relações que mantemos com os partidos, tanto nacionalmente quanto nos Estados", declarou a JBS ao jornal.
Se tem uma empresa que sabe da importância de contar com o apoio e as
benesses do poder é a Friboi. A empresa se tornou, no governo do PT,
uma das maiores processadoras de carne do mundo. Seguindo a malfadada
política da criação das “campeãs nacionais”, a JBS contou com
financiamento de nada menos que R$ 10 bilhões do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social). Além dos recursos doados aos
candidatos à presidência, a JBS distribuiu outros R$ 42 milhões a outros
candidatos.
Quem paga a banda...
Essa primeira rodada de doações é só o começo. Dilma declarou à Justiça sua pretensão de arrecadar R$ 298 milhões até o final da campanha, enquanto que Aécio quer arrecadar outros R$ 290 milhões. Muitas empresas, além disso, deixam para oficializar suas doações só no final da campanha, já que a divulgação dessa última prestação só ocorre após a votação. E esses cifrões, é bom lembrar, é só o que podemos ver sendo declarados à Justiça Eleitoral, não incluindo o institucionalizado “caixa 2”.
Essa primeira rodada de doações é só o começo. Dilma declarou à Justiça sua pretensão de arrecadar R$ 298 milhões até o final da campanha, enquanto que Aécio quer arrecadar outros R$ 290 milhões. Muitas empresas, além disso, deixam para oficializar suas doações só no final da campanha, já que a divulgação dessa última prestação só ocorre após a votação. E esses cifrões, é bom lembrar, é só o que podemos ver sendo declarados à Justiça Eleitoral, não incluindo o institucionalizado “caixa 2”.
As grandes empresas, bancos e empreiteiras não jogam dinheiro fora.
As doações eleitorais são verdadeiros investimentos. Esses candidatos,
após eleitos, vão governar segundo os interesses dessas mesmas empresas
que os financiaram durante a campanha. Levantamento mostra que, para
cada R$ 1 real doado pelas grandes empresas, recebem R$ 8,5 em retorno
após as eleições.
Lamentavelmente, até mesmo o PSOL entrou na lista das siglas que
receberam dinheiro das empresas. O partido recebeu R$ 50 mil do Grupo
Zaffari, uma grande rede de supermercados, que lidera o setor no Rio
Grande do Sul. A candidatura Luciana Genro recebeu R$ 15 mil desse
dinheiro.
O grupo Zaffari é proprietário de nove shoppings centers e teve
faturamento de R$ 3,7 bilhões no ano passado. É conhecido pela
superexploração a seus trabalhadores, principalmente aqueles empregados
na limpeza, caixas e empacotadores, na sua maioria mulheres e negras,
submetidas a condições precárias de trabalho.
É impossível manter a independência política e defender um programa
dos trabalhadores recebendo financiamento das grandes empresas. Mais
cedo ou mais tarde, essa política cobra o seu preço, como mostrou a
trajetória do próprio PT.
É por isso que a campanha Zé Maria Presidente e Cláudia Durans vice,
assim como as candidaturas do PSTU nos estados, não recebe recursos de
empresas, bancos e empreiteiras. Toda a campanha é financiada pela
militância e pelos trabalhadores e a juventude que apoiam essa
candidatura operária e socialista.