Sábado, 9 de abril de 2016
Leia também "MST: Sem-Terra são assassinados no Paraná"
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Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil*
O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, determinou à
Polícia Federal a instauração de um inquérito para apurar a morte de
dois camponeses na última quinta-feira (7) na cidade de Quedas do
Iguaçu, região oeste do Paraná. Os dois eram integrantes do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e foram baleados durante um
confronto com policiais militares.
O ministro da Justiça determinou ainda o envio da Força Nacional para a região.
Segundo
o movimento, as duas pessoas que morreram são os trabalhadores rurais
Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25 anos. Ambos eram do
Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado na fazenda da empresa de
celulose Araupel. Além das mortes, sete pessoas ficaram feridas, cinco
já receberam alta do hospital.
A fazenda da Araupel é motivo de
conflito desde a primeira ocupação do MST no local, em 1996, quando dois
integrantes do movimento também morreram em um confronto com
funcionários da empresa. A área onde o MST está acampado atualmente foi
ocupada há cerca de dois anos e é razão de briga judicial entre a
Araupel e o movimento.
O MST pediu a punição imediata dos policiais militares responsáveis pela morte dos trabalhadores rurais.
A
Polícia Civil do Paraná investiga o caso e o Comando-Geral da Polícia
Militar determinou a abertura de um inquérito policial militar para
apurar as circunstâncias do confronto.
Versões diferentes
A
Secretaria de Segurança Pública do Paraná e o MST relatam versões
diferentes do ocorrido e as duas entidades dizem que foram vítimas de
emboscada do grupo contrário.
A versão do órgão estadual é de
que, devido ao conflito agrário, quatro policiais da Rondas Ostensivas
Tático Móvel (Rotam) acompanharam policiais do Batalhão Ambiental e
funcionários da Araupel no combate a um incêndio florestal dentro da
fazenda. “O grupo teria sido vítima de uma emboscada organizada por mais
de 20 integrantes do MST e reagiu ao ataque”, informou a secretaria. A
polícia afirmou ter encontrado armas de fogo com os camponeses mortos.
Segundo
a secretaria, um dos membros do MST disse, em depoimentos à Polícia
Civil de Cascavel, que o primeiro tiro partiu de um dos integrantes
movimento e que a polícia apenas revidou.
Na versão do MST, cerca
de 20 integrantes do movimento realizavam uma ronda de rotina ao redor
do acampamento onde vivem quando foram surpreendidos pelos policiais
militares e seguranças da Araupel. Eles teriam disparado contra os
veículos onde estavam os integrantes do MST, que tentaram fugir pela
mata.
O movimento ressaltou que os dois mortos foram baleados pelas costas e também negou que tenha havido um incêndio na região.