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(Millôr Fernandes)

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Museu da Torre do Bonfim é reaberto ao público. Do topo é possível ter uma visão de 360° da cidade de Salvador

Sábado, 17 de fevereiro de 2018
Da Tribuna da  Bahia


Por Jordânia Freitas
O esforço para subir os 55 degraus da escada de madeira é facilmente esquecido quando o visitante chega à torre direita da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa. Do topo é possível ter uma visão de 360° da cidade de Salvador, contemplando a Península de Itapagipe, Baía de Todos-os-Santos, Avenida Beira Mar, Subúrbio Ferroviário, além da torre do sino. Desde a fundação do templo, há 264 anos, ontem foi o primeiro dia que o espaço de aproximadamente três metros quadrados esteve aberto para visitação. Mais de 100 pessoas passaram por lá somente no turno da manhã.

De acordo com o Padre Edson Menezes Silva, reitor da basílica, a torre é a primeira no Brasil a ser aberta ao público.  “É um acontecimento inédito e muito importante. Lá de cima o visitante pode vislumbrar esse grande presente de Deus, essa arquitetura magnífica e divina da Baía de Todos-os-Santos”, disse o religioso.  
Pela primeira vez na Bahia, a turista paulista Naíra Castelhano, 32 anos, foi uma das primeiras a conhecer o espaço. Acompanhada do marido e mais dois amigos, a representante comercial disse que nem imaginava que existia essa possibilidade
“Eu acredito que a oportunidade foi única. A gente nem sabia, chegamos aqui e fomos pegos de surpresa. E Daqui dá pra ver Salvador inteira por cima, fora a energia que tem essa igreja que é sensacional. Você chega e já fica emocionada”, avaliou Castelhano.
Francisco José Pitanga, juiz da Irmandade da Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim, entidade responsável pela administração da Igreja do Bonfim, explica que a ideia de abrir a torre para visitantes veio do desejo de compartilhar a riqueza cultural, religiosa e histórica dos espaços da basílica com a comunidade, bem como dos pedidos dos próprios turistas que visitam a igreja.
Ainda segundo Pitanga, outra inspiração para abertura do espaço partiu de igrejas europeias, como a Catedral de Notre Dame, em Paris, que permite o acesso às torres. A expectativa é receber cerca de mil visitantes por mês.
Museu dos Ex-Votos
O passeio pela torre integra o roteiro de visitas do Museu Rubens Freire de Carvalho de Tourinho, conhecido como Museu dos Ex-Votos, que há séculos funciona dentro da basílica. O espaço que conta com acervo de aproximadamente 3 mil peças foi requalificado para receber o público. 
Professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a museóloga Genivalda Cândido da Silva, cuidou da reorganização  do museu. 
A especialista explica que um dos destaques é a saleta que abriga um órgão de tubos. De origem francesa, o instrumento musical   datado de 1854 passou por um processo de restauração. Deste local também é possível ter uma visão privilegiada do altar, com a imagem de Senhor do Bonfim no mesmo plano. 
Há também mais de 30 quadros. Desses, três obras chamam a atenção. São  os ‘Quadros de Canto’. As peças pintadas em 90º nos anos 1840,  são as únicas da Bahia e foram criadas para posicionamento no canto entre duas paredes.
A invenção inovadora é de José Teófilo dos Santos, famoso pintor e inventor baiano, um dos mais famosos representantes da primeira Escola Baiana de Pintura.  Além dos quadros, o acervo possui ex-votos (objetos que representam pagamento de promessa), esculturas, imagens sacras, vestes litúrgicas e cadeiras papais.
O Museu é mantido pela Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim. O equipamento funciona de terça a domingo, das 8h às 17h, com visitas guiadas por dois monitores estudantes de museologia e pesquisadores dos temas expostos.
O acesso ao local se da através do pagamento de uma taxa de R$5 para ajudar na manutenção do museu e das obras da igreja.  A entrada na torre é limitada a três visitantes por vez. De acordo com Genivalda Cândido, o número de pessoas foi calculado pensando em preservar a estrutura do espaço.