Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 24 de fevereiro de 2018

'Governador não quer debater. E agora, Rodrigo?'

Sábado, 24 de fevereiro de 2018
Do Sinpro DF
Provocado pelo GDF, o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) determinou, na noite desta sexta-feira (23/2), que o Sinpro suspenda a veiculação da cartilha “Atividades Pedagógicas, da Campanha E agora, Rodrigo?” em qualquer meio (eletrônico ou físico). No entanto, o juiz responsável pelo caso reconhece o direito do Sindicato em manter o restante da campanha da forma como vinha sendo feita e fazer a crítica à gestão do GDF em todas as mídias.

Desta forma, a cartilha será retirada, conforme determinação judicial, do sítio eletrônico do Sinpro. Todos os(as) professores(as) devem parar de utilizar a cartilha – que passa a ser proibida – e demais materiais da campanha dentro das escolas.
Porém, o que fica evidente, é que o GDF perdeu mais uma vez a oportunidade de debater com a comunidade aquilo que ela já vem expressando, não apenas pela campanha do Sinpro nas ruas, mas nos meios eletrônicos, de que Brasília não está no rumo certo e que o cidadão brasiliense exige um governo que resolva os problemas da cidade, assim como os servidores merecem ser tratados com o respeito e com a ordem pública – que passam pelo cumprimento das leis que o Distrito Federal tem. Hoje, o governo não paga a pecúnia a aposentados; não contrata professores e orientadores em número suficiente (mais de 200 escolas no DF, do Ensino Fundamental/Séries Iniciais, não têm professor de educação física. E o governo não contrata. Mais de 200 escolas no DF não têm orientador educador educacional. E o governo não contrata); sucateia as instalações escolares, entre outras mazelas – que alcançam outros setores fundamentais do serviço público, como o de saúde.
O Sinpro irá recorrer da sentença do TJDFT, que apenas proíbe o uso da cartilha. O Sindicato entende – como educadores que somos e diferentemente da forma como foi apresentado pelo GDF – que o material não é de forma alguma ofensivo e tampouco foge aos parâmetros do currículo do DF – que é plural, democrático e construído pela categoria. Trata-se, inclusive, de um currículo que não foi elaborado pelo atual governo.
Enquanto não for julgado o recurso que o Sinpro irá interpor, o sindicato orienta a não utilização de qualquer material da campanha dentro das escolas com os estudantes. Orienta ainda que os professores recolham os cartazes da campanha que estão nas escolas e os fixem no comércio, padarias, mercados, em murais públicos ou prefeituras comunitárias das cidades a fim de deixar que a população se expresse acerca deles.
Campanha – A campanha “E agora, Rodrigo?” faz uma alusão ao poema “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade, no qual o poeta ilustra o sentimento de solidão e abandono do indivíduo na cidade grande, a sua falta de esperança e a sensação de que está perdido na vida, sem saber que caminho tomar.  O “E agora, Rodrigo?” foi a forma encontrado pelo sindicato para criticar como o GDF vinha enfatizando suas realizações na campanha “Brasília está no rumo certo”, a um custo de milhares de reais dos cofres públicos.
Escola: espaço de debate – A escola é um espaço plural e local de discussão dos temas contemporâneos. Hoje existe uma crise hídrica no DF que precisa ser discutida na escola pública. Existe um sério problema na oferta de saúde pública e isso necessita ser discutido na escola. Existe uma falta de investimento acentuada nas escolas públicas – inclusive o ano letivo não começou para vários estudantes da nossa rede pública; sete dias letivos já se passaram e esses estudantes continuam sem aula em função da precariedade que hoje a rede pública de ensino se encontra -, e isso também deve ser objeto de avaliação e debate.
Vale lembrar que o GDF ingressou junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) para dizer que a campanha do Sinpro como um todo é partidária e pedir sua suspensão, mas perdeu. Teve pedido extinto e arquivado (vide matéria aqui). Em outras palavras, o GDF está peregrinando pelos tribunais para inviabilizar a totalidade da campanha. Procura calar o Sindicato. Não conseguiu e novamente perdeu porque o TJDFT reconhece o direito do Sinpro e da categoria de fazer a crítica à gestão do governo.
A cartilha ora proibida é uma parte da campanha, mas a principal mensagem já foi entendida pela cidade. Brasília não está no rumo certo. Deixemos para o governador o mote da nossa campanha: E agora, Rodrigo?
 ATENÇÃO
POR DECISÃO DO TJDFT OS MATERIAIS DA CAMPANHA ESTÃO PROIBIDOS DE SEREM UTILIZADOS NAS SALAS DE AULAS/ESCOLAS.
A sua utilização em OUTROS ESPAÇOS da cidade ou veículos de comunicação CONTINUA PERMITIDO.