Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 16 de julho de 2011

Época: Radares ligados para os negócios

Sábado, 16 de julho de 2011
Da revista Época
Nas grandes cidades brasileiras, o motorista pisa no freio diante da possibilidade de ser multado por um radar eletrônico. Para evitar prejuízos, alguns memorizam a localização das engenhocas e outros, mais equipados, usam computadores de bordo que apitam quando o carro se aproxima do medidor de velocidade. Nas estradas federais a situação é diferente. Há tão poucos instrumentos de fiscalização que os motoristas se sentem à vontade para acelerar, circunstância que contribui para o aumento do número de mortos e feridos em acidentes de trânsito. No ano passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) resolveu mudar essa situação e dotar as estradas federais de milhares de lombadas eletrônicas, radares fixos e máquinas que identificam quando os carros avançam o sinal. A licitação gigantesca atingiu o valor de R$ 1,4 bilhão e foi dividida em 12 lotes. O desempenho da empresa goiana Data Traffic, líder do consórcio Maxivias, surpreendeu o setor. Nas disputas pelos contratos, o consórcio abocanhou quatro lotes e garantiu cerca de R$ 190 milhões em contratos. Até então, ele conseguira, em sete anos, pouco mais de R$ 30 milhões em recursos do Dnit.

Não fosse por uma decisão da Justiça, que viu o risco de dinheiro público ser jogado fora, a Data Traffic teria fisgado um quinto contrato, ainda mais gordo. A empresa fez uma oferta de R$ 120 milhões para fornecer equipamentos eletrônicos que seriam insta-lados em rodovias federais que cruzam o Distrito Federal e vizinhanças. Outro consórcio, representado por uma empresa paranaen-se, deu um lance de R$ 89 milhões para prestar o mesmíssimo serviço. Apesar da economia que faria com a contratação da empresa paranaense, mais de R$ 30 milhões, o Dnit optou pelo preço mais alto. Desclassificou as propostas mais baratas ao afirmar que as empresas deixaram de cumprir regras básicas da licitação. Inconformada com a posição do Dnit, a empresa paranaense recorreu da decisão na Justiça e foi reintegrada à disputa. O Dnit e a Data Traffic contestaram. Na semana passada, com base em decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, proferida no final de maio, o Dnit foi obrigado a assinar contrato com a empresa do Paraná. Mas o caso não está encerrado. A Data Traffic brigará pelo contrato em outras esferas da Justiça.

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