Sábado, 9 de julho de 2011
Por
Ivan de Carvalho

Embora a recusa não deva
ser considerada totalmente consumada, pois Maggi só pretende comunicá-la a
Dilma Rousseff na terça-feira (uma maneira, talvez, de dar a ela tempo para
articular com o PR uma outra opção dentro de um contexto que não se mostre até
lá em estado de vácuo absoluto).
Isto permitiria à presidente anunciar o nome do
escolhido logo depois que ouvir a recusa formal de Blairo Maggi, ou talvez até
antecipar-se, se quiser – caso em que seria recomendável que combinasse isto
com o senador por Mato Grosso, para não abrir mais uma frente de mágoas ou
passar uma impressão de atropelamento, no estilo trator.
O senador Blairo Maggi, do PR, mas também amigo
de Dilma (para cuja campanha eleitoral colaborou financeiramente, com
reconhecida generosidade) teria concluído, é um grande empresário, maior
produtor de soja do mundo e líder de um grupo empresarial com um leque bastante
amplo de negócios, alguns dos quais com importantes ligações com o Estado
brasileiro.
Aí, dois problemas: a ida para o ministério
prejudicaria esses negócios, devido a impedimentos legais, e criaria para Maggi
e seu grupo um grau de exposição pública muito maior do que aquele a que já
está exposto como senador. Ainda mais que iria assumir o cargo no Ministério
dos Transportes, cuja má fama, se já existia nos bastidores, ganhou agora uma
face pública. Seria sacrifício demais pela satisfação de uma vaidade, não tão
importante para quem, sendo senador, já foi governador.
O outro nome das simpatias da presidente seria
Paulo Sérgio Passos, nascido na Bahia, que era o secretário-executivo do
Ministério dos Transportes e assumiu interinamente o cargo de ministro. Ele tem
perfil técnico e é PR, mas somente desde o ano passado e desfruta da simpatia
presidencial e do PT. Mas exatamente por isto o PR, com suas quatro dezenas de
deputados federais e sete senadores, se opõe a uma eventual escolha dele por
Dilma.
O PR achou muito bom o nome de Blairo Maggi,
convidado pela presidente Dilma sem ouvir o partido, mas ante a decisão de
Maggi de não aceitar, agora o PR está fazendo questão de indicar o nome – não
quer mais saber desse roteiro de Dilma escolher alguém do Partido da República
e o partido dar a escolha como boa. O PR quer indicar o nome e a presidente
pode recusar, se quiser, mas então o PR indica outro e, se for o caso, mais
outro – tem uns seis que são ideais para ministro, afirma-se na bancada do PR
no Congresso.
Um dos vários nomes, como ontem assinalado neste
espaço, seria o do ex-governador da Bahia e ex-senador César Borges, presidente
da seção estadual do PR. Projeção política estadual e nacional e experiência
política e administrativa não lhe faltam. Sobram-lhe, porém, como também
assinalado ontem, restrições na área governista baiana, já que ele e seu
partido estão na oposição ao governo Jaques Wagner, do PT. Isso torna
extremamente remotas suas chances de ocupar um cargo de ministro, especialmente
em uma pasta forte como a dos Transportes.
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Este artigo foi publicado originalmente na
Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.