Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 17 de julho de 2011

Honoráveis bandidos

Domingo, 17 de julho de 2011
Por Vicente Vecci
             Aproveitando o título do livro do jornalista Palmério Dória, vamos supor que habitamos um país cheio de disparates que afetam sua população. Os políticos elaboram diversas leis que não são cumpridas e quando são, possuem flexibilidade que permitem diversos recursos nos tribunais, favorecendo os criminosos, ocasionando até a impunidade.

Muitos crimes constantes nessas leis não são denunciados. Isso porque existem nesse país omissão governamental e das suas instituições encarregadas da segurança pública e do patrimônio. Por outro lado a sociedade civil às vezes temendo represálias, torna-se omissa dando vantagem aos criminosos que insistem em praticar tais delitos, pois encontram terreno fértil nessa omissão. O resultado disso tudo é o império da desordem onde proliferam o tráfico de drogas e o crescimento da população de viciados, em sua maioria jovens. O dinheiro dessa nação que deveria fomentar a profissionalização e geração de emprego dessa juventude corrompida tem sido afanado por titulares de órgãos governamentais em proveito próprio e de seus familiares que constroem com o erário grandes feudos patrimoniais nos estados. São acintosos enriquecimentos ilícitos às vistas dos contribuintes e das pseudas autoridades. São os verdadeiros honoráveis bandidos.

Quando são levados aos tribunais protelatórios, a rica fortuna que possuem ajuda a subornar suspeitas autoridades judiciárias e saem livres das acusações. Isso graças a determinados e famosos advogados que atuam mais  na função de corretores que amealham sentenças no judiciário, conseguindo absolvição para seus clientes. Aqueles que praticam por questão da fome e da sobrevivência um furto de um alimento ou outro pequeno objeto são presos e condenados injustamente, penalizando nos cárceres superlotados. Não podem pagar “os corretores das sentenças”.

E no legislativo surgem outros espectros que atuam em favorecimento a determinadas elites econômicas financiadores das campanhas eleitorais dos parlamentares que elaboram leis beneficiando seus patrocinadores. Surgem normas que vão afetar o Meio Ambiente e outros setores. Esses espectros nesse país são conhecidos como lobistas e agenciam junto aos parlamentares leis favoráveis aos seus patrões em detrimento da população majoritária. Esquecem de trabalhar para quem os elegeram. E para encobrir essas disparidades usam a velha tática de dar circo ao povo, uma vez entretidos com os espetáculos esquecem as colheitas efetuadas pelas afiadas unhas da corrupção. Vultosos recursos que podem superar a quantia de 8 bilhões de reais e que dariam para construir em todo o país modernos centros hospitalares públicos, são empregados para construir os palcos de um espetáculo que vai durar um pouco mais de 30 dias, depois viram “elefantes brancos” com pouca utilidade. Daí de tanto ver triunfar essa disparidade, cidadãos íntegros e preocupados com o bem comum mobilizaram-se e conseguiram quase 2 milhões de assinaturas e elaboraram uma lei da vontade popular, apresentada e aprovada ao Legislativo e depois sancionada pelo Executivo, objetivando sanear a classe política nas eleições, evitando a continuidade desses males. Depois vem o topo do Judiciário e procrastina esse respaldo sublime da manifestação do povo, prorrogando a validade dessa lei e validando o ilícito. Todos esses fatores da negação da vontade da sociedade civil podem levar ao caos e provocar a soltura da serpente da revolta e surgir organizações de combate violento à corrupção, quem sabe alguma denominada CCC, significando Comando de Caça aos Corruptos.

Vicente Vecci é presidente da ONG Ecodefesa e editor do Jornal do Síndico, www.jornaldosindicobsb.com.br